quinta-feira, abril 17

ENTÃO, VOCÊ É ÂNCORA OU RAÍZ???

Crônicas da Cidade nº 44
Por Nerval Pires da Silva

Âncoras ou Raízes? Alguém já definiu isso com muita propriedade. Não nos referimos aqui na vernaculidade da palavra que a encerra, em que há de se observar à correção na pureza no falar e no escrever – mas sim, no sentido mais amplo que lhe quis dar o nosso anônimo para definir com mais objetividade, certos comportamentos alheatórios de muitos "antoninenses" contemporâneos residentes aqui ou não.

Âncora vem do latim, ancora – instrumento de ferro com duas hastes pontiagudas vergadas para trás, lançado ao fundo dágua que segura as embarcações por um cabo a que está presa – e que se traduz também como o símbolo da esperança. Todavia, o sentido eclético que o nosso anônimo quis lhe inserir, refere-se à ausência de interesse que ocorre no comportamento de muitos dos seus filhos, que se julgam antoninenses da gema, e, no entanto, se mostram apáticos à tudo o que aqui se passa, não esboçando o mínimo sinal de interesse, fazendo vistas grossas à situação de descaso, de abandono que a cidade se encontra, e da pobreza dos seus irmãos cidadãos – mais preocupados é claro, na saúde dos seus negócios. Alguns até beneficiários de patrimônios herdados de seus antepassados, sem entretando, acrescentar nada de novo neles, ou pelo menos dar o devido zelo que deveria – mas, se beneficiando apenas.

"Essas pessoas de fato residem aqui, sim. Pagam seus impostos aqui. Tem suas propriedades, seus empregos ou negócios aqui, mas, menos pelo amor que deveriam sentir pela terra que nasceu, mas, mais pela indolência e pela conveniência em usufruir uma vida mais tranqüila, cômoda, longe de ter que enfrentar concorrências fora daqui com competidores mais competentes que eles, preferiram, então aqui ficar. Evitando também correr o risco de ver na eventualidade seus patrimônios ameaçados pela sua ausência. Essas, pois, são as principais razões que os fazem permanecer aqui, só isso, mais nada", afirma o anônimo.

Esses, já indigitados um a um pelo nosso analista anônimo, não participam de nada. Não reclamam de nada, não dizem nada, não questionam nada. Pois além de desprovidos de amor pela terra em que nasceram, são por natureza insensíveis e incompetentes – enfim, um bando de egoístas que muito embora presentes, são ausentes por definição – esperando sempre que os outros façam por eles e, no entanto, são os que mais se beneficiam dos resultados obtidos. O anônimo não se cansa em classificá-los de sanguessugas da sociedade mobilizada. Na verdade, acrescenta ele: "esses maus antoninenses, não nos fazem nenhuma falta por aqui", e arremata com extremo ceticismo, "cidade que tem como seu destino, filhos dessa espécie, não precisa de filhos... bem, deixa para lá, pule". E, assim conclui ele o analogismo que quis dar a palavra âncora nas suas múltiplas facetas.

Já no que se refere a Raízes, não obstante, ser também uma palavra de origem latina, radix, trás um certo significado muito especial na abrangência da análise que quis o competente anônimo dar no que neste caso requer.

Estes sim, as raízes, embora alguns menos favorecidos pela sorte, estão sempre envolvidos com as coisas que dizem respeito aos problemas da cidade – quer no campo do esporte e lazer; da informação e cultura; dos problemas econômicos; dos negócios; dos problemas sociais e políticos, não medindo esforços, deixando às vezes seus próprios interesses de lado, para se dedicar de corpo e alma na solução do bem estar da cidade e de sua gente. Uns até abdicaram de coisas grandes em suas vidas para se dedicar ao sacerdócio do amor ingente que nutrem por ela, outros lá fora não menos preocupados com os problemas da cidade, tem suas almas aqui dentro, e os que saíram daqui ainda jovens, agora retornam para dar prosseguimento a este trabalho de soerguimento deste município que com a ajuda da abstinência voluntária desses maus antoninenses, vejam em que situação se encontra o nosso município.

Alguns destes, no trabalho árduo e voluntário de querer a qualquer custo esclarecer e mostrar a opinião pública, o que se passa aqui dentro, tiveram que responder processos, tanto na Delegacia de Polícia como no Fórum – é o caso do Eduardo Bitencourt Nascimento, Fortunato Machado Filho, Neuton Pires da Silva e até esse escrevinhador, que mesmo assim, sem o reconhecimento de muitos, (mas, que deixamos para lá) continuam na sua difícil estrada levados mais pelo amor e dedicação que nutrem pela sua terra e seu povo tão desprotegido da ação dos maus políticos corruptos que só pensam nos seus interesses pessoais.

O nosso analista anônimo quis também aqui, indigitar algumas figuras que se destacam na sociedade antoninense que tanto tem contribuído de uma forma ou de outra para o progresso de sua cidade e de sua gente, como forma de homenagem, nas pessoas de Caetano Machado Filho, Dr. Antonio Alves de Oliveira Neto, as professoras Lúcia Correa e Olga Mussi, Suzana Fortunato, Ailde Mendes Polari, Danilo Gomes, Maurício Scarante, Tony Frank Bruinje, Sidney Cordeiro, Tutuca, Hiram Eder Fonseca de Lima, Abel Pinto Filho, João Carlos Lemos, Mauren Cecyn, Celso Meira, Henrique Ruprecht, Cláus Luiz Berg, Iberê Mathias, Rafael de Camargo, Cel. Wilson (Cicinho), Reginaldo Gouveia, João Gabriel dos Santos (Garça), Aluísio Cordeiro da Rocha, Rogério Luiz Pacheco, Onamar de Castro, Oscarz Buck Neo, Roberto Cristiano Plasmann, Leôncio Storach Neto, Edson César da Costa, Ismael Santos, Wilson Clio de Almeida, Joaquim Alcobas (Joça), Justus Cláudio Cordeiro, Ninoca, André Luiz Picanço Carraro, Julio Simão Ferreira, Lindamar e Valderez Garça, Orlandinho, e outros tantos que fugia de sua memória no momento, mas que estão também inseridos com carinhos na galeria dos antoninenses da gema. Encerra o nosso anônimo com esta frase: é menos infeliz a cidade que tem como amantes filhos, estes.

Com esperança ainda, o analista aguarda que os âncoras qualificados por ele neste comentário aqui revejam suas posições e passem a assumir o papel que lhes cabe em nossa sociedade em quanto é tempo de serem mostrados a opinião pública para os seus devidos julgamentos.

Nerval é escritor, comentarista e empresário.

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