quinta-feira, setembro 4

CRÔNICA DA CIDADE Nº 56

Por Nerval Pedro Pires da Silva

Estamos nos aproximando da reta final da campanha eleitoral – faltando apenas 30 dias para ser aberta a caixa de ressonância da vontade popular que exprimirá o que realmente queremos para esta sofrida e maltratada Antonina.
O povo, coitado, nesses últimos sofridos trinta anos, infelizmente, sentiu na carne e viu de tudo o bastante – da miséria ao menosprezo; da prepotência à insanidade; da incompetência à corrupção desenfreada; da impunidade ao escárnio; da aleivosia à impenitência; da humilhação à arrogância; das promessas à mentira! E a partir daí, por um imperativo da própria experiência, cria ela certas defesas imunológicas que passarão a ser ativadas já a partir de cinco de outubro - quer dizer: sejam os eleitos quem forem sem exclusão.
Quem viu o último informe do IBGE publicado nesta semana, haverá de constatar o lastimável êxodo em estado latente, exaurindo o município de todas as esperanças de sermos ainda nesta década uma grande cidade cheia de promissoras realizações e estabilidade para estas gerações.
Esta situação de insolvência que tende a se agravar vem se arrastando desde há uns 20 anos para cá. Na década de 70, até a metade dos anos 80, contava o município com uma população de 30.000 habitantes aproximadamente. É importante ressaltar que nesses anos o município vivia e se desenvolvia a custa de uma só receita do estado, e outra do próprio município – do estado era o artigo 20, verba essa específica para pagamento das professoras e compra de maquinários. Com a receita municipal, (IPTU e serviços), pagar-se-iam os demais funcionários e sobrava ainda dinheiro para abertura e calçamento de ruas e logradouros. Com aqueles minguados recursos, os prefeitos eram forçados a usarem a criatividade e competência, e assim o município se desenvolvia – frise-se também que não havia gastos com o poder legislativo, pois os vereadores trabalhavam para o município de graça, sem ganhar um tostão do erário público. Esse escrevinhador era vereador naqueles anos.
Com quase o dobro da população naquela época, a prefeitura mantinha um corpo funcional de menos de duzentas pessoas, isto incluindo o pessoal da faxina ao professorado, e, diga-se de passagem, o nível da educação era de primeiríssima qualidade. Havia indústrias no município, como a IRFM, Ferro-gusa, a do Zugmam no Lacerda; mais de 10 indústrias de palmitos – afora as que trabalhavam na informalidade. A fábrica de papel do Cacatu, os portos funcionando a todo o vapor. Os estivadores – não todos, em pleno deboche lavando bicicletas com cerveja.
E agora o que vemos? Verbas oriundas de todos os lados jorrando nos cofres do município; um quadro super inchado de funcionários públicos municipais; uma câmara com um orçamento de mais de um milhão de reais. Altíssimos salários tanto do prefeito como desses energúmenos vereadores para destruírem a cidade. Um porto praticamente fechado e envolvido em tenebrosas transações; um bairro chamado Matarazzo que outrora fora o pulmão da nossa economia – transformado hoje em cidade fantasma tal como aquelas que costumamos assistir em filmes de terror.
Este, pois, é o triste quadro que se encontra o município e seu povo, construído por essa gente que estão aí com a maior desfaçatez pedindo os nossos votos outra vez – mas que o povo desta vez na sua maioria já percebeu o perigo que estes representam a nossa cidade, se forem novamente conduzidos à prefeitura e a câmara. Deus Salve Antonina e sua gente das mãos desses sicários!
Mas como tudo tem um começo e seu fim, eis que os desesperados, em seus paroxismos, mostram seus tiques espasmódicos traduzidos num ato de vandalismo ensandecido, insurgindo contra os materiais de propagadas do candidato que está na frente na corrida para a prefeitura, e que tudo indica, deverá ser o novo prefeito da cidade.

Nerval é escritor e comentarista.

E-mail: nervalpiresdasilva@hotmail.com

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