sexta-feira, dezembro 5

BAGRES ELÉTRICOS




Por: Jeffe Picanço



Antonina fica numa formosa baia, que foi um presente do mar, como dizia o famoso samba-enredo. Não deixa de ser verdade. Tecnicamente, a baia de Antonina é um estuário, ou seja, uma feição geográfica em forma de funil, sempre com a influencia de um rio. Foi formado há alguns milhares de anos, no fim do período Pleistoceno (~11.000 anos atrás), quando a subida do nível do mar afogou os paleovales dos rios Cachoeira/Cacatu e Nhundiaquara. Há cerca de 5/6 mil anos atrás, o nível do mar subiu ainda mais, chegando a 2 m acima do nível atual. Desde então, tem-se mantido estável onde se encontra hoje.

O assoreamento de nossa baia foi sempre um produto natural da erosão da serra do mar. Já ouvi muitas historias sobre tentativas que foram feitas para conter esse assoreamento, entre eles a quase lenda de um barco cheio de pedras que teria naufragado em local errado. Recentemente, postei no meu blog URUBLUES a discussão trazida por uma dissertação de mestrado da UFPR, orientada pelo meu colega de UFPR, o competentíssimo prof. Rodolfo Angulo, que mostra, para o período 1900-1979, uma taxa de assoreamento altíssima, da ordem de 2,6 cm/ano. As principais causas desta taxa, segundo o autor do trabalho, Lídio Odreski, foram: 1) o desmatamento das encostas da serra do mar; 2) as mudanças de regime hidrológico promovidas pela usina de Capivari-Cachoeira.

Uma oportuna discussão levantada por Nelson Moura, no “Blog do Bó”, sugere algum tipo de compensação à cidade pelos danos que foram causadas desde a abertura da usina da COPEL. Nada mais justo, mesmo que com 40 anos de atraso. Nossa comunidade pode e deve ir atrás destes royalties. Outro post no "Blog do Bó", de nosso amigo Antonio Fonseca, o qual trabalha há muito tempo nessa área, “a verba que é destinada ao município é de responsabilidade da legislação municipal”. Antonio salienta que “basta uma lei municipal” para direcionar estes recursos para diferentes tipos de fundo de desenvolvimento.

Aí está mais uma frente para ser atacada por nossos governantes e legisladores. Antonina pode, deve e merece ter acesso a royalties pela usina de Capivari - Cachoeira. Pelo que li, nem sei se a cidade já os recebe, creio que não. Se sim, onde são alocados? A utilização destes recursos deve ser objeto de um profundo e transparente debate. A meu ver, as áreas de meio ambiente e infância e juventude, as mais prejudicadas pelo assoreamento acelerado das ultimas décadas, devem ter prioridade. Claro, sempre em projetos de educação e incentivo à cultura e ao empreendedorismo. Já que o mar, tão assoreado que foi, não está mesmo pra peixe, que tal mais e mais bagrinhos sonhando e voando?
Obs.: Se o Bacunauta clicar em cima dos respectivos blogs citados no texto destacados em azul, entrará nas matérias própriamente ditas.

3 comentários:

  1. Jeffinho.
    Uma sugestão: esses "royalties" devidos pela construção e exploração da Usina Capivari-Cachoeira aos municípios Antonina e Campina Grande do Sul, poderiam ser transformados em fornecimento de energia mais barata a seus habitantes, ou, "energia a custo zero!" tema de campanha de Edson Rui Fuck (Pica-pau) candidato a vereador em 2004. Isso permitiria, como um atrativo, a instalação de novas empresas nessas cidades. Que tal?
    Mauricio Scarante.

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  2. Mauricio, obrigado.
    precisamos mesmo é sensibilizar nossos vereadores sobre este assunto. Tentar ver o que podemos conseguir e...conseguir!
    Essa ideia da energia custo zero é boa, precisamos de mais e mais ideias.
    abraços

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  3. Jeffinho.
    "Royalties" se traduz em grana, dinheiro, bufunfa, na mãos de políticos administradores quase sempre não se dá a destinação original. A sugestão de energia a custo zero é fazer com que se aprove uma lei que reverta os "royalties" em desconto na fatura de energia elétrica, o alcance social seria imediato.
    Mauricio Scarante.

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