sexta-feira, dezembro 12

A BRONQUITE DA BAÍA DE ANTONINA




Por Jeffinho Picanço






Este assunto está enchendo. Dia a dia, aumenta o assoreamento em nossa baia, enchendo cada vez mais nossos canais de acesso ao porto e nossa paciência. E esvaziando nossos bolsos. Na semana passada, comentei sobre a possibilidade de cobrança de royalties à COPEL pelos danos ambientais causados pela usina Capivari-Cachoeira.

Recebi, por intermédio da professora Maria Jose Mesquita (UFPR), uma minuta de projeto do professor Leonardo Santos, da geografia da UFPR, onde coloca alguns fatos interessantes sobre o assunto. Já tinha comentado sobre o trabalho de lídio Odreski (2002), o qual comparou plantas batimétricas históricas (1901) com as cartas náuticas mais recentes (1979). O volume depositado entre 1901 e 1979, na área abrangida pelos levantamentos batimétricos (cerca de 25 km²), ficou em torno de 769.230 m³/ano, ou 64.102,5 m³/mês.

O professor Leonardo cita um estudo posterior, feito pelos geólogos Carlos Roberto Soares e Marcelo Lamour, do Centro de Estudos do Mar da UFPR. Neste trabalho, os autores verificaram, para o período julho/2000 a março/2001, uma taxa de assoreamento em torno de 87.121,25 m³/mês. Entre esta última data e outubro/2002 a taxa mensal de assoreamento calculada foi de aproximadamente 135.458,7 m³. Entre maio/2004 e julho/2005, estes pesquisadores calcularam uma taxa aproximada de 135.811 m³/mês. Esse último dado significa que o sedimento acumulado mensalmente na nossa baia equivale à carga transportada por 22.635 caminhões-caçamba!

O professor Leonardo Santos nos diz também que já foram realizadas obras significativas no interior da Baía de Antonina, tal como o aprofundamento inicial do canal de acesso aos TPPF para -8 metros (entre 1998 e 2000), e na seqüência para -10 metros (em 2000). No entanto, o descarte dos sedimentos dragados, contrariando os estudos ambientais, “foi efetuado paralelamente ao canal na sua margem norte, a uma distância aproximada de 800 metros, sem qualquer confinamento, ou reutilizados no retroporto dos TPPF”. Ou seja, este material todo tende a voltar para os locais de sua retirada, inviabilizando todo o processo de dragagem, jogando fora o meu, o seu o nosso dinheiro.

O assoreamento de nossa baía é uma mistura de causas naturais e causas antrópicas, ou seja, provocadas pelo homem. No entanto, hoje nós estamos assistindo a uma lenta agonia, vendo o presente que o mar nos deu morrendo sufocado por esta colossal bronquite. Até quando vamos conviver passivamente com essa perigosa mistura de negligência e ignorância?

A discussão, originada no Blog do Bó na semana passada, teve a participação de autoridades no assunto, como nosso amigo e conterrâneo Antonio Fonseca. Falar só não basta, é preciso que nossas autoridades cumpram seu papel, através de leis especificas, conforme Antonio sugeriu. Aos responsáveis pelo porto, caberia uma explicação pública e formal sobre estas dragagens realizadas com dinheiro público e ao arrepio das sugestões dos especialistas no assunto. E ai? Os bagres acima e abaixo da linha de preamar não podem mais esperar...

Um comentário:

  1. Parabens garoto, um Antoninense nato que mostra a todos a sua preocupação com o abandono da nossa poluida baia de Guarapirocaba, adiante companheiro

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