Por: Jeffe Picanço
Estou encerrando o meu período de férias aqui do Bacucú.
Depois de três anos sem férias e quase dois anos sem ver uma areia de praia, um convite para se ocupar uma casita aqui em Floripa, longe do agito, foi uma bem-vinda ocasião. Descansar a cabeça, dormir com o barulho do mar, escutar o barulho do vento nas árvores, ficar algum tempo sem a minha persistente rinite, são alguns dos prazeres que a beira do mar me traz.
Aqui em Floripa todos se preparam para o carnaval. O prefeito, reeleito, está dando muito dinheiro para as escolas de samba e os blocos. Vai ter, pela primeira vez, dois grupos para o carnaval, com ascenso e descenso. As praias organizam suas próprias festas. Há uns anos atrás vi aqui na praia da Armação, onde estou agora, um prestigiado desfile de escandalosas que em nada deve ao nosso. Floripa tem, também, uma forte tradição de carnaval. Enfim, aquecem-se os tamborins aqui na Ilha.
De resto, estes dias um vento sul dos diabos deixou o mar agitado, e esfriou consideravelmente. Dois dias de uma garoa brava e renitente que me deixou em casa, arrumando meus arquivos no computador, sem nem um refresco de sol. Quando ele apareceu, apareceu com um vento danado, que deixou os barcos todos parados ali na vilinha, sem ir pro mar. A vida vai seguindo seu curso e o verão começa a minguar. (mas, pelo menos, aqui tem verão, não é o outoprimainverno de Curitiba, onde você nunca sabe se usa a bermuda ou o cachecol...).
Pelo que estou acompanhando pelos blogs, o carnaval também está esquentando na terrinha. Ainda não deu tempo de ouvir todos os samba-enredos, pois o preço da lan house aqui de perto é meio salgado pra tanto samba. Por outro lado, vi as fotos do carnaval antigo, no blog do Eduardo e me deu uma saudade... Saudade de quê? Da disputa entre Batel e Capela? Aquilo era uma rivalidade daquelas brabas. Esquentavam-se mais que os tamborins. Uma vez minha tia Vilma me viu passando em frente a casa dela atrás da bateria do Batel e não me deixou entrar na casa dela durante todo o carnaval. “Sai daqui, seu quinta-coluna!” dizia ela, me enxotando. Ou as famosas brigas e acusações que ocorriam na época de carnaval, como a famosa foto de Pelego com o resultado do carnaval, comentadas aqui no Bacucú pelo Neuton. O carnaval, assim quente, era assunto pro resto do ano.
Talvez a saudade maior seja a saudade do tempo, da mocidade da gente. Dos vinte e poucos anos. Do tempo que eu tinha disposição pra pular as cinco noites. Nos tempo em que se pulava até meia noite na rua e depois até as seis da manhã no clube. Adorava o Operarião. Chegava a perder quatro quilos na maratona que era. Logo eu, que naquela época não tinha quatro quilos pra perder, ao contrário de hoje.
Enfim, com saudade ou sem saudade semana que vem estarei por ai, vendo e sentindo de perto o clima. É sempre assim: a gente chega de Curitiba com ânimo de curitibano, vai se esquentando, esquentando, e quando vê já está pulando na avenida, feliz da vida. A minha querida Deitada-a-beira-do-mar tem dessas coisas...
Oi Jefinho, que bom tê-lo de volta aqui em nosso covívio, seja bem vindo. Parafraseando a letra desse fenômeno da nossa música popular, Chico Buarque de Holanda, digo-lhe que a coisa aqui está preta. Abraços
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