sexta-feira, março 13

SEXTA FEIRA 13



Por: Jeffe Picanço


“No creo en las brujas, pero que las hay, las hay”, diz o ditado espanhol.



Em geral não sou dado à metafísica, nos dias que correm. Hoje tudo está bem dito e explicado. Não existe nada hoje que os caras do Discovery Channel não consigam nos explicar e acabar com o susto, com o mistério. Essa é uma das grandes conquistas e uma das grandes desgraças de nosso tempo. Não existem mais grandes mistérios.

Quando era menino, o mundo era cheio de sustos e de coisas estranhas. Tinha o Velho do saco, que podia nos pegar a qualquer descuido. Ele comia os fígados das criancinhas indefesas. Quanto tempo demorou pra eu chegar perto de um ancião que me fosse desconhecido sem sentir meu coração batendo mais forte? Tinham os fantasmas de pretos velhos, os fantasmas de escravos mortos arrastando correntes pelas noites das casas antigas de Antonina. Os rangidos noturnos de nossa casa de madeira eram um terror absoluto.

Nessa época, como proteção, eu tinha a mania do pé direito: sair da cama, entrar na sala de aula, entrar no campinho, tudo com o pé direito. Evitava gatos pretos. Cuidava pra não quebrar espelhos. Tinha um medo pânico de escuro, de ficar sozinho de noite e encontrar o boitatá, a mula-sem-cabeça, ou, pior, muito pior, Papai Noel, dando umas incertas pra ver se estava sendo um bom menino.

Eu não era um bom menino. Brigava com as minhas irmãs, mentia pra minha mãe que estava ali na frente de casa, brincando – estava era no terreno baldio lá longe, quebrando vidros e destruindo tijolos velhos empilhados. Dizia para meu pai que as telhas quebradas no telhado eram resultantes de brigas de urubus, ao invés de correrias de guris. Desejava o doce de meu colega no recreio. Olhava com inveja a mala nova do outro, ou o caderno da guria da frente. Desejava matar com requintes de crueldade todos os que reclamassem da minha (falta de) categoria ao jogar bola.

Lembro de uma figura de catecismo em que se via um um anjo da guarda, angelical, chorando com as mãos no rosto, desesperado, enquanto um menino moreno (eu?) rasgava uns papéis, talvez papéis sagrados (a própria Bíblia?). Das profundezas, mãos magras e ossudas preparavam-se para agarrar os pés do menino. Lembro de tudo isso com grande horror, pois esses eram os horrores da infância.

Hoje as bruxas são seres do bem, os ogros são adorados por todos. Monstruosos Trolls são brinquedinhos de plástico para crianças. Sim, hoje, os horrores são bem outros. Não existem mais horrores sobrenaturais. Os horrores são banais, sem deixar de ser horrores dos grandes. Exploração do trabalho infantil, abuso sexual de crianças e adolescentes. Violência domestica. Drogas, prostituição juvenil, falta de lazer, de perspectivas de vida. ...eu preferia os horrores de antes.

Falando em todos estes horrores, como estão os órgãos que cuidam dos nossos pequenos bagrinhos? O conselho tutelar está aparelhado, finalmente? A pastoral está bem, conseguindo trabalhar? Os poderes públicos estão atentos e pensando em soluções para o curto, médio e longo prazos? Nunca é demais perguntar.

Acabo de perceber que, nesta sexta feira 13, completo minha décima-terceira crônica aqui pro Bacucu Com Farinha. Depois de enviá-la ao Neuton, acho que vou passar um alho no pescoço, por via das dúvidas...

8 comentários:

  1. Jeffe,

    Não fale em bagrinho que vão pensar que é peixe. Tem gente pra chuchu matando cachorro a grito. A coisa por aqui 'tá preta' - (Chico Buarque)- já, já, vai ter miséria e fome mordendo em Antonina. Tá faltando até dinheiro pro anzol.

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  2. Até o bacucucomfarinha vai mudar de nome, pois, já tem fila de gente Le pedindo a farinha... enquanto isso, lá no PAÇO MUNICIPAL... todo mundo sorri feliz!!!.
    (...esse povinho só serve pra votar!!! se assim num tá bão, que vão embora de Antonina!)

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  3. um esclarecimento; PAÇO = (palácio pequeno e fajuto)

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  4. completando alguém aí em cima

    ... que vão embora de Antonina, pois quem reclama é oposição!

    (vai ver que os políticos entendem que quem não reclama, é porque aprova - (aplicação aparvalhada do provérbio:- quem cala consente)

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  5. fajuto não! pelo amor de qualquer coisa!!! Não é fajuto não! é XINFRIM!!!!

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  6. Vamo parar com essa discussão de fajuto e xinfrim, senão os home vão querer gastar dinheiro no prédio pra que, de xinfrin ele fique fajuto! eta cambada! tá faltando escola pressa gente!!!

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  7. urra, meo, ce quis chamar os home de b....o

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  8. respeito é bom, que a gente merece!

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