quinta-feira, junho 4

EU COMENTO - 21ª EDIÇÃO

Por Nerval Pedro Pires da Silva

Na turma do nosso querido Torneira quando jovem, além do Oscar, do Cabeça de Martelo, do Batera, do Vilmar, embora muito mais velho que eles, havia o Luiz Sá, motorista de praça, preferido destes para viagens intermunicipais. Quando convocado por eles, seguidamente saia com essa: “toda hora é hora, quem manda é Bete”. Eheheheh, até hoje quando me lembro me mato de tanto rir.

Era bem divertido quando o Luiz Sá, indivíduo muito estimado entre nós, quinzista como eu de quatro costados, proferia essa frase depois de inquirido por eles a que horas poderia sair para viagem. Respondia na bucha: toda a hora é hora, quem manda é Bete! Mas falando sério agora – já no caso de Antonina, o instante é este, e nem tampouco quem manda mais é Bete - mesmo porque ela não inspira mais cuidados - pois cresceu, virou mulher, casou, tem filhas e já é avó.

Compulsoriamente tive que assistir a fala do nosso alcaide, juntamente com a do nosso governador - também pudera! O palco fora instalado logo aqui há dez metros do escritório. Não tinha como deixar de ouvi-los, não é mesmo? A propósito, eis os vezos de antanho se repetindo, com o fechamento da nossa rua principal! Não precisava isso Canduca.

O público não compareceu, a não serem alguns poucos alunos da rede municipal acompanhados das professoras. Estavam presentes também os funcionários e comissionados de outros departamentos, que foram previamente convocados para o evento. As poucas pessoas que ali se achavam - os que não eram funcionários públicos municipais, estavam mais pela curiosidade e pela presença da nossa Filarmônica, e menos pelos blá-blá-blá dos políticos protagonistas.

Todavia, quem não viu, com certeza perdeu alguns momentos de rara autenticidade - tanto do nosso alcaide, quanto do governador ao proferirem seus discursos. Analisemos caso por caso – embora não ter assistido desde o início a fala do Canduca, mesmo assim, deu para perceber um espasmo de lucidez na tentativa sôfrega em querer passar para o público. Achei que o Canduca foi sincero ao ponto de querer exorcizar do povo a imagem de desleixo que seu governo reflete no visual, e de pouco caso com as coisas sérias ao nomear esses secretários e diretores, e continuar insistindo com os mesmos. Canduca ao querer transmitir em um só fôlego ao público presente o que está realizando em sua administração, mais parecia uma matraca ao ser agitada. Mesmo assim conseguiu passar ao público presente um pouquinho de esperança e ânimo já em vias de exaustão nesses cinco meses sofrível de sua administração. Se realizado até o final do seu mandato um terço do que se propôs a falar, o resto do tempo que lhe falta, estará salvo do gongo.

Canduca leva uma vantagem sobre os seus antecessores – é bom de bico, não é lá uma brastemp, mas dá para o gasto - em compensação, o Kleber era um festival de mediocridade, e de um puxa saquismo sem precedentes aos olhos de todos quando se referia aos irmãos Requião. A Munira, ah coitada! Nem abria a boca e, quando o fazia, era um discursozinho de cinco linhas apenas, e ainda assim mesmo decorado. Já o Canduca não, usa a matraca como recurso para não dar oportunidade aos seus interlocutores de o questionarem. Percebi essa sua jogada ao conhecê-lo melhor agora. Mas no atacado não me pareceu tão ruim assim, já que no varejo deixou muito a desejar. E, eu explico muito bem explicadinho: a conclusão que se tem depois do discurso do governador, é que o Canduca perde tempo no varejo, quando deveria assumir uma postura mais corajosa e dar o xeque-mate.

Requião é candidato ao senado. Precisa se eleger - ou melhor, terá que se eleger, do contrário estará fu... Seu discurso foi sóbrio, dando uma demonstração clara e inequívoca de querer se reconciliar conosco - diferente das outras vezes. Falou da sua infância desde seu pai médico residindo aqui. Cognominou-a enfaticamente de berço da civilização do Paraná; falou da grandeza do seu carnaval, da sua história, e avalizou todas as proposições do nosso burgo mestre.

Ele sabe que Antonina é pequenina, que seu povo é humilde, que em termos econômicos não representa nada para o Estado, mas sabe também, que ela é uma cidade famosa pela magnitude de sua história, portanto - importante no contexto geral do estado, inclusive por ter sido a primeira cidade do Paraná, e, indubitavelmente, por tudo isso, lhe dá um certo know-how. O seu aval é importantíssimo para a sua alavancada rumo ao senado. Nós políticos de ontem, com vasta experiência no ramo, percebemos isso.

Então, diante de todas essas conclusões a que chegamos, e com um pouco de bravura, de coragem do nosso prefeito, agendar com o governador em palácio uma conversa séria, levando em mãos um pacotaço de medidas já previamente estudada, de reais interesses para a cidade e seu povo, e dizer com coragem: Sr Governador, resolva estes problemas ainda em seu governo, que nós antoninenses nos comprometemos a ser seu aval no estado na sua trajetória ao senado da república. Usaremos todos os meios de informação para dizer ao povo do Paraná do nosso reconhecimento do seu trabalho realizado neste município e nesta gente tão sofrida - inclusive nos propondo a implantar em praça pública uma estátua em sua homenagem, (desde que ele assuma os custos, fica claro), que balizará a era do atraso ao progresso.

Está aí, portanto, uma sugestão. Que tal Canduca, você topa fazer isso por Antonina? Tem coragem? Está disposto a deixar o orgulho de lado? Se você topar, fique certo que nós o transformaremos num grande prefeito. Se você não fizer, desculpe, mas você é um tremendo de um... Imagine o que eu estou pensando?
(Nerval Pedro é escritor e comentarista)

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