quinta-feira, agosto 20

EU COMENTO - 27ª EDIÇÃO


Os dados recentes apurados pelo IBGE, sobre a estimativa populacional dos municípios que compõe a região litorânea do estado, não desmentem o que já vínhamos afirmando sobre o processo de involução em franca atividade que vem se desenvolvendo a cada ano no município em que residimos. E o pior, é que TCU utiliza essas mesmas projeções populacionais, como parâmetro para distribuição das Cotas do Fundo de Participação dos Municípios - quer dizer: cada ano que passa estamos recebendo menos verbas.

Acrescente-se a isso, o índice insuportável de miséria do povo dos confundéus dos bairros, que segundo estimativa, está em processo de ascendência galopante, saldos estes geradores do crime nas suas mais diversas modalidades, e a promiscuidade infanto juvenil.
Comparemos com a década de 70 até o comecinho dos anos 80, quando tínhamos uma população calculada em torno de 30 mil habitantes. Vejamos o gráfico de agora: Paranaguá, 139.796; Guaratuba, 32.806; Matinhos, 23.925; Pontal do Paraná, 17.820; Antonina, 17.743; Morretes, 17.000; Guaraqueçaba, 7.843. Como deu para perceber, Antonina ocupa hoje o 5º lugar, precedido de Morretes e Guaraqueçaba, quando naqueles anos ocupava o segundo. Se continuarmos nessa projeção, o ano que vem já estaremos ultrapassados por Morretes e, encostando a Guaraqueçaba. Triste mas é a realidade.

Em conversa franca com amigos que encontrei aqui por acaso, nesses dias de festa, e a nos referirmos sobre esses aspectos todos - disseram sem rodeios e sem arestas: “desculpe-nos dizer, mas a verdade tem que ser dita: Antonina não é uma cidade progressista”.
Eu não diria a cidade, e sim, que o seu povo não é progressista, ao contrário da maioria dos outros povos. E não vai longe, temos um exemplo aqui junto de nós, que há um século e meio atrás, já percebendo essas características, tratou de pedir a sua independência, se desvencilhando de nós ligeirinhos, e hoje empata conosco em número populacional, e quiçá, não seremos ultrapassados ainda este ano? Eu me refiro a nossa vizinha Morretes.
Também não devemos jogar tudo dentro do mesmo saco, pois existe ainda muita gente boa e bem intencionada por aqui que deve ser separada do resto do joio. Mas, que essas duas últimas gerações foram um verdadeiro desastre ao progresso da cidade, isso não temos dúvidas.
- “No fundo, o povo gosta da vida desse jeito, levada assim no marasmo, no sossego. Falta de iniciativa dos jovens. O desemprego passa a ser uma desculpa para quem não procura melhores oportunidades. Quem quer melhorar na vida não fica parado esperando que os outros façam.” Com absoluta propriedade argumentaram eles.
Voltamos a comentar a respeito dessas duas últimas gerações, que trouxeram consigo a dependência; a falta de criatividade, sem força e sem vontade, em fim, sem coragem pra nada - é a razão principal do estado de involução que permeia a vida da cidade que nasceu para ser grande, progressista e líder na região, mas que, a continuar assim desse jeito, estaremos batendo bumbo lá no rabo da fila – e solfejando ainda a cantiga de Zéca Tatu.
Comentaram também sobre a saída desses jovens a procurar noutras bandas os seus futuros – referindo-se especificamente a esses jovens de valor que não aceitaram nem mais um dia a inércia e a tolerância de seu povo. Nessa ação é que reside a grande perda para o município, pois vão embora as pessoas impetuosas, e ficam as sem vontades. Com essa troca se perguntaram:
“que sociedade estamos construindo? - As dos indolentes, dos sem criatividades, dos tolerantes, dos sem coragem”? E, concluíram: “uma sociedade assim como esta não presta pra nada – um município tão glorioso como este eivado de tantas histórias retumbantes, dos nossos antepassados heróis até, não merece esse povo. Estamos a todos os instantes sendo gozados lá fora Nerval”! O Paraná inteirinho está observando a decadência desse povo, só ele é que não percebe ““!
“Então como pode este povo aceitar calado esses últimos governos impostos por grupelhos metidos em partidozinhos de aluguéis? Por que não aceitaram você Nerval, nem o Dodô, nem o Eduardo Bó! – Será pelos pequenos defeitos que vocês hipoteticamente traziam? Então, este povo é tão medíocre mesmo, quantos dizem lá fora. As estatísticas estão aí, num interregno de 30 anos perdemos a metade da população – nessa projeção aritmética, daqui mais uns trinta não teremos mais nada a que comemorar.”

É isso aí, diante dos fatos não há argumentos que resistam. Fiquei então a escutá-los durante horas, calado, e pensando comigo mesmo: isso vai dar um baita de um comentário, vou escrevê-lo nos mínimos detalhes, doa a quem doer! Mas, eles tão astutos, leram meus pensamentos e acabaram arrematando: -“escreva isso numa crônica especial – não deixe de fazê-lo”.
Com um sorriso matreiro, despediram-se de mim, mas, antes, comunicaram: “ah, estamos trabalhando com um candidato para as próximas eleições (...), pois, com este último que está aí, atingimos o limite da degradação”.
E foram mesmo embora, não deixando dúvida que este candidato será mesmo o da transformação que todas as pessoas de bom senso, inteligentes, de ingentes sentimentos de amor por Antonina esperam.
(Nerval Pedro é escritor e comentarista)

2 comentários:

  1. Caro Nerval...grato pela citação de meu nome. O povo hora sábio...escolhe e sempre paga o seu preço. Nós continuamos por aqui...desiludidos, mas ainda dispostos a trabalhar pela cidade (desde que queiram). O que entristece, e me parece é que não querem mudar as coisas, pois continuamos sem projeto de políticas públicas e com isso nenhum empresário irá colocar seu suado dinheiro por aqui. Chance de mudança a gente sempre dá. Votamos e renovamos...mas logo voltamos a nos decepcionar de novo. Como sair dessa?

    Prof.Eduardo Bó

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  2. Eduardo, nao fui eu que citou seu nome, juntamente com o meu e o do Dodo, eu apenas reproduzi aqui nesse comentario um dialogo que tivemos - eu, e alguns amigos que estao fora, e aqui vieram por ocasiao da festa. Eles ficaram horrorizados com a decadencia da cidade, nao obstante, acharem que a festa havia melhorado muito em relaçao aos anos anterirores. Abraços

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