Meu nome é Jaymes.
Jaymes Boonda.
Na verdade este é meu codinome.
Ridículo, já me disseram.
Mas apelido no Reino é sempre meio esdrúxulo.
Sou um agente secreto. Pra ser mais preciso, agente para operações especiais do Bacucu com Farinha, matrícula AI-OO7 - atualmente lotado na Secretaria de Turismo.
Parece brincadeira, mas a situação dos arapongas é muito, muito estranha. Explico, são os outros arapongas, aqueles da telefonia, lembram???
Outro dia fui convidado para o 15º encontro de Agentes Secretos no Bar do Lontra, no Reino.
Disseram que ali havia disfarces incríveis, como o de Paul Newman, Paulinho da Viola, até grampeadores de telefone com sachê de bagre ensaboado tinha.
Uma oportunidade única de atualizar meu lado profissional. Mas fui obrigado a negar o convite.
A verba do PAC destinado aos Agentes Quase Secretos não chegou, o Bacucu com Farinha não tinha um adiantamento também para repassar, então não fui.
Além do mais, uma pessoa de meu gabarito não poderia aceitar vir do Cupiúva a Ilha Barbosa por via fluvial.
A imprensa diz que o dinheiro que vai para as “OBRAS” (que obras???) está deixando de pagar a educação, a saúde, a cultura.
É uma meia verdade.
Esse dinheiro também está deixando de pagar o serviço secreto.
Duvida?
Então saiba como foi minha última missão.
Recebi uma carta do QG na minha residência – não tenho acesso à Internet - em Neverland Guarapirocabana.
O general Tuberlengo me dava ordens de seguir o Secretário de .O., um rapaz também que poderíamos chamar de SECRETO, em sua passagem pelo Reino.
Na carta dizia apenas onde o “S.O.” estaria hospedado em sua passagem relâmpago pelo Reino e que eu deveria fazer um relatório sobre sua movimentação, enviando tudo depois em três vias para o tenente-coronel I.P.D.
Dei um beijo na minha mulata Creusa, outro no meu vira-lata Losninha e sai do barraco rumo à Praia dos Polacos.
Antes dei uma parada no Bar do Sovaco da Cobra e, imitando Zezinho Lambuja, meu detetive do coração, tomei um rabo-de-galo e comi um ovo cozido.
Fiquei na cola, e espera, espera, espera, e como sempre, nada de aparecer, o tal Secret. de O.
Acabei cochilando.
Bem mais tarde despertei, todo suado, tentei me mexer, mas reparei que estava amarrado e amordaçado.
Tinham me seqüestrado.
Pensei na hora que eram terroristas da Al Qaeda, mas eram dois pivetes. Quando tiraram o pano de minha da boca, lhes disse em tom ameaçador:
– Sou agente quase secreto guarapirocabano. Olharam-me com desprezo. Um deles ordenou ao outro:
– Libera. Mas dá o dinheiro do ônibus que o cara é lesado.
Humilhado, fui embora a pé sem ter ao menos tirado uma foto do Secret. de O. Passei por uma barraca que ainda estava armada desde a festa de agosto, comprei um porta retrato que colocarei no meu criado mudo com a foto que acabei de achar pelo caminho indo embora.
(Fonte: http://www.consciencia.net - Modificado pelo Bacucu com Farinha)
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