quinta-feira, novembro 12

COMO ANDA A CULTURA EM NOSSA CIDADE? - CAPÍTULO XII

Cultura em nossa

Com a queda da ditadura militar, obrigando a volta dos militares aos quartéis – lugar de onde eles nunca deveriam ter saído - esperava que o povo brasileiro investido de novo de sua capacidade de alto estima; de liberdade de ir e vir; da livre manifestação, e até na remissão dos pecados – diga-se de passagem, pudesse, pois, retomar suas atividades normais e promover de imediato a recuperação do atraso a que lhe fora imposto durante esses 20 anos de sujeição discricionária.

Esperávamos, contudo, que o povo escaldado pelo infortúnio de ter embarcado nessa canoa que quase nos levou a pique, tivesse o discernimento e critério na escolha dos nossos governantes daquele momento em diante, extirpando a ação nefasta dos interesses pessoais; banindo de vez por todo o populismo e os interesses econômicos irracionais na política brasileira. Ledo engano! A maioria dos meus companheiros frustrar-se-iam mais adiante, não a ponto de se arrepender da luta empreendida a custa de muitas vidas tombadas nessa batalha heróica. Mas, por perceber que o povo nada evoluíra, que continuaria o mesmo de 64 – talvez até em escala maior.

Hoje está claro e só ele (o povo) não percebe que saímos de uma ditadura militar para entrarmos numa ditadura política e o que é pior, com sérios riscos na mudança dos rumos do nosso regime democrático e sem perspectiva de retorno.

A involução que ocorre no país, no que concerne aos aspectos citados neste comentário acima, mostra claramente, a que nível cultural chegou-se aos nossos tempos de hoje, não obstante, termos ao nosso alcance todas as formas de veículos de informações...

Somando-se a esses – a inércia, a indolência, fatores que estão contribuindo celeremente para impunidade que em contra partida gera a audácia dos maus.

Nunca em tempo algum tivemos um congresso tão despido de princípios éticos e morais, de cultura, como em nossos dias de hoje. A começar pelo presidente da República até o Senado Federal e por extensão a Câmara dos Deputados. Os municípios então nem se fala – é a imagem refletida nas águas infectas parada da lama, da degenerescência do ápice de nossas instituições.

Vereadores na sua maioria semi-analfabetos, dotados de instintos gananciosos, egoísticos e aéticos a prevalecer sobre os interesses elevados. Prefeitos analfabetos diplomados, quando diplomados – incompetentes na maioria das vezes, mas com uma cultura de locupletação herdada pelos nossos agentes políticos de esfera superior.

Por outro lado lamentavelmente, um povo que aceitou essa situação de indigência, de abjeção, de cumplicidade, de adorar comer pelas mãos maculadas desses políticos de meia-tijela, somado a uma classe média de covarde contumaz, que rosnam pelas esquinas, mas que não tem a coragem de aparecer publicamente – à espera que os outros o façam por eles!

Muitos hão de dizer que eu comecei os meus comentários falando em cultura e descambei para a política – que uma coisa não tem nada a haver com a outra. A esses eu lhes respondo: tem sim e muito haver – a cultura está intrinsecamente ligada a ela, pois se esse povo nos últimos tempos tivesse se dedicado um pouco a primeira, por certo não teríamos tido essa cambada de pseudos políticos nesses últimos vinte e tantos anos empoleirados em cargos de administração, com salários astronômicos de causar inveja até ao professor que tem a responsabilidade de educar o aluno para ser cidadão do futuro.

Este mal anacrônico que infesta a nossa sociedade, avessa às tradições de uma época tão fulgente é a causa primeira do atraso a que nos encontramos. Antonina hoje perde para a sua filha ali ao lado, que cresceu e desenvolveu-se imune a esse ranço de subjugação, tão arraigado entre o povo antoninense.

A cultura do antoninense não só estacionou como regrediu de uns trinta anos para cá, e para corrigir essa anomalia, é preciso que o povo queira crescer, desvencilhando-se de uma vez por toda dos grilhões da inércia; do estigma da hipocrisia; da subserviência tão difundida em nossos dias de hoje. Antonina e seu povo não precisam dos prefeitos de ontem e nem tampouco do de hoje, que só souberam fomentar o atraso, a marginalidade, os bolsões de misérias para tirar proveitos em épocas de eleições – precisa sim é olhar para frente, tirar os argueiros dos olhos e enxergar que bem perto deles estão homens preparados para colocar o município nos trilhos do progresso, é só querer.

(Nerval Pedro é escritor e comentarista)

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