terça-feira, novembro 10

SALVE 06 DE NOVEMBRO!!!

Jeffe Por: Jeff Picanço

O 6 de novembro sempre foi uma data especial pra mim. Foi desde o inicio sinônimo de desfile, e nós, como escoteiros, ficávamos ansiosos esperando o dia da cidade. Era um tal de arrumar o uniforme, passar o lenço, arrumar o chapéu ou o bibico, separar os meiões. Lembro de que, na véspera, sempre ficávamos (sempre) alertas para o perigo de chuvas que viessem a atrapalhar ou mesmo cancelar as solenidades. Era um tempo bom esse, o da infância. A gente se contentava com alguns minutos de desfile.

Não sei mais como é hoje, mas deve ser igual e diferente. Hoje não estamos mais nos tempos da ditadura, em que o civismo e o patriotismo eram impostos de cima. Hoje, podemos discordar, podemos nos opor, podemos até não ir, por preguiça. Não sei como os bagrinhos de hoje pensam o desfile de 6 de novembro. e, como nos últimos anos sempre estive ocupado trabalhando e nunca mais pude ir ver uma solenidade dessa, fico só imaginando.

Estes últimos anos surgiu e cresceu entre nós um movimento que procura relativizar o 6 de novembro. Já discuti aqui e em outros locais: não adianta inventar uma data mais antiga, a nossa emancipação política foi em 6 de novembro de 1797. Segundo nos conta Ermelino de Leão, aquele dia a cidade teve uma grande festa popular. A pequena vila elegia sua primeira câmara, e ficava livre das injunções dos parnanguaras. Estes, assim como tentaram impedir o estabelecimento da Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba no planalto, agora tentavam impedir a autonomia da freguesia de N.S. do Pilar da Graciosa no litoral. Eram claros os motivos. Curitiba estava numa boa situação geográfica, dominando os caminhos do comércio do planalto. Cerca de cem anos depois, esta vila dos campos do planalto tiraria dos parnanguaras o papel de cabeça de comarca, e hoje é Curitiba, e não Paranaguá a capital do estado.

Com a nova vila denominada Villa Antonina, o problema era a localização estratégica da nova povoação. Mais perto de Curitiba por mar, a cidade poderia se constituir, e durante muito tempo realmente constituiu, uma ameaça ao comércio de Paranaguá com o Planalto. Muitas artimanhas foram inventadas nestes últimos 200 anos para neutralizar a geografia privilegiada da terra de Valle Porto.

Para a Villa Antonina ser declarada autônoma, teve muitas resistências a vencer. O 6 de novembro foi o momento culminante de uma luta de mais de 30 anos pela emancipação politica. Muito mais do que a construção ou inauguração de uma igreja, ou a mera doação de uma sesmaria, o 6 de novembro foi a data de construção de uma cidade.

Antonina sempre se constituiu em oposição a Paranaguá. Sempre foi orgulhosa dessa autonomia e sempre lutou muito por ela. A localização estratégica da cidade e a beleza de seu entorno são coisas realmente ímpares. Risonho e folgazão, o antoninense ama tanto sua cidade que às vezes parece que é critico demais em relação a sua terra. Mas, como diria a musica, quem ama cuida. Não é bom ver nossa casa suja e desleixada, ainda mais uma casa tão bonita que a natureza nos deu.

Como tenho escrito tantas vezes neste espaço: Antonina não é o máximo, mas também não é o mínimo.Vejo tantas vezes manifestações dizendo que estamos mal, que Antonina não tem jeito, etc, mas eu sou otimista e sei que tem. Basta mais cidadania, mais inclusão, mais educação, mais vontade de querer fazer.

Assim como os nossos tetravós quiseram e fizeram, naquele longínquo 6 de novembro de 1797.

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