Como minha ultima crônica tinha ficado muito longa, mais longa que o normal, e incomodado muitos bacucunautas, eu resolvi dar um tempo. O assunto no momento é a tal da crise da Assembléia legislativa.
De maneira surpreendente, a RPC começou a jogar o jogo que a imprensa brasileira já joga faz tempo, de participação cidadã, de investigações que tenham grande relevância para a sociedade. Nascida em 1917, a Gazeta Do Povo foi durante muitos anos um jornal político, apoiando o governo Vargas e o PSD. No começo dos anos 60, foi comprada pelo grupo do jornalista Francisco Pereira filho, com o qual mudou sua postura. De extremamente engajada, virou um jornal morno, que agrada a todos e a ninguém. Principalmente o governo. Não foi a toa, que nos anos 70, em plena Ditadura Militar, o grupo Gazeta ganhou os direitos de retransmissão da Rede Globo. Foi um castigo para o grupo do ex-governador Paulo Pimentel, que na época fazia feroz oposição ao governo Jaime Canet.
Mas a qualidade da informação da Gazeta sempre foi ruim. O forte do jornal eram as grandes colunas sociais (certa vez numa edição de domingo eu contei doze) e, claro, os classificados. A Gazeta tem poucas matérias assinadas, a maior parte são colunas compradas de grandes agências de noticias nacionais e internacionais. A gente brincava que a notícia saia na Folha, no Estadão, no jornal do Brasil, no Globo, e dali a quatro dias você via a mesma matéria na Gazeta. Nos últimos anos, percebe-se que a RPC têm tentado melhorar sua qualidade. Denúncias, sugestões, mudanças na diagramação, tudo isso tem sido tentado. Mas o fato é que eles estão no bojo de uma grande crise da imprensa em todo o mundo, ligado diretamente a queda na venda de jornais.
Surpreendente ela investir contra a assembléia. Mas, ótimo, ponto pra RPC/Gazeta, e ponto pra nós, cidadãos. Parabéns. Soubemos o óbvio. Que a Assembléia é um ninho de ratos, onde alguns maus funcionários – com o conhecimento da direção da casa? Será? – fazem o diabo: funcionários fantasmas, desvio de dinheiro, etc.
Alguma surpresa? Pra mim, não. Uma casa sem expressão, com deputados de nível abaixo da critica, com as exceções de sempre, servil ao governo de plantão, sem imprensa investigativa, sem opinião pública a cobrar, nada disso ia dar certo mesmo. Bastou uma investigaçãozinha e a casa caiu... Bom, tomara que o Ministério Público tenha colhões pra investigar tudo isso e extirpar estes canalhas. CPI neste caso é botar o cachorro-do-mangue pra investigar roubo de galinha...
E nós? Nós nada. Continuaremos a eleger estes canalhas que contratam estes bandidos, que nos ajudam aqui e ali, uma mãozinha aqui, um carguinho ali pro primo, pro irmão, pro cunhado, e deu. Vamos realimentando o sistema corrupto com a nossa inércia e complacência. Até quando?
Outra vez, que eu falei, numa crônica anterior, do Paraná em geral, um anônimo me cobrou: ”E Antonina, Jeffe? Você não falou de Antonina!”. Falei sim. Antonina é um retrato das mazelas do Paraná. A falta de transparência da nossa Câmara Municipal e a recente truculência de alguns vereadores contra quem estava exercendo um direito de cidadão lembra, em escala menor, algumas mazelas da Assembléia Legislativa estadual.
Vou parar por aqui. Na última crônica eu falei muito, e muitos não entenderam o que eu quis de fato passar. Mas a culpa é minha mesmo. Preciso me controlar.
Jeffinho, quando questionei no chat do Bacucu com as seguintes perguntas:
ResponderExcluir"Masca: A RPC não faz nada de graça, a quem será que está servindo?
19.03.2010 23:15 #
Masca: Será que a RPC faria essa denúncia se desfrutando das contas de propaganda de governo?"
Talves a resposta esteja nessa matéria publicada neste blog:
http://robertobertholdo.jornale.com.br/?p=1086
Sem dúvida sempre há motivo prá tanto empenho.