Estive uns dias longe da internet, em função de uma viagem ao norte do Paraná, por motivos de família. Foi com espanto, mas nem tanto, que vi a historia da “censura” ao blog do Reginaldo. Não está claro o motivo da ação de “Calúnia, difamação e danos morais” que lhe foi movida, nem sei ao certo quem a promoveu. Mas, pelas noticias publicadas em seu blog, Reginaldo vinha levando a efeito uma corajosa campanha de denúncias e fiscalização das atividades da Prefeitura e da Câmara Municipal. Em função destas campanhas houve algumas manifestações de vereadores no blog do Reginaldo, rebatendo as denúncias. Pelo que li aqui no Bacucu, houve inclusive um recado da presidência da mesa da câmara, numa recente e aparentemente tumultuada sessão, dizendo que iria “colocar a Polícia em cima dos Bloguistas, para acabar com esta campanha descabida contra certos políticos da cidade”. Foi a senha para se desencadear uma campanha de intimidação contra quem está incomodando alguns vereadores.
É certo que as pessoas são responsáveis por tudo que dizem. “Sou o senhor do que não digo e escravo do que digo”, diz um provérbio chinês que gosto muito. Por isso mesmo, eu me incomodava um pouco com o debate que estava levando aqui no Bacucu Com Farinha, onde eu parecia conversar com sombras. A favor ou contra, todos eram anônimos! Como levar um debate franco se não se sabe com quem está debatendo, ou pior, por um debatedor que não se responsabiliza por suas opiniões, resguardando-se no anonimato?
Eu me responsabilizo, até criminalmente, por tudo o que digo. Todos os blogueiros se responsabilizam, dão a cara a tapa e tem de responder a processos, como já foi o caso de Eduardo Bó, Nerval, e agora do Reginaldo, entre outros. É uma recorrência interessante. No passado recente, o jornalista Erly (com y!), hoje responsável pelo blog da prefeitura, foi vitima inclusive de agressão física por causa de matérias publicadas no jornal Acho.
Cabe destacar dois fatos. Apesar de ser alvo de críticas, inclusive por parte deste cronista, a prefeitura nunca revidou, nunca impôs qualquer limite. O “Canduca paz e amor” da campanha parece ter continuado no seu estilo zen. Pode-se criticar a administração municipal pelo seu jeito (ou falta de jeito), pelas suas prioridades, por seu quadro de governo. Mas, é forçoso reconhecer, Canduca segue trabalhando com críticas ou apesar delas.
Já a Câmara não é zen. Mal começaram as críticas e a intimidação por parte de alguns vereadores já começou. E na própria sessão da Câmara! Aliás, pelo pouco que vi, a Câmara estava sendo cobrada nos últimos tempos, entre outras coisas, pela falta de transparência nos seus gastos, e pela pouca e lenta disposição de mostrá-los à comunidade.
A pergunta que me faço é a seguinte: se uma instituição pública como a câmara, ou mesmo um vereador, é questionado na transparência de seus atos, em vez de responder de maneira intimidatória, processando o denunciante, não seria melhor primeiro agir com mais transparência e abrir suas contas para a comunidade? De outra forma, a comunidade vai achar que o denunciante está certo em sua denúncia...
Com fatos como esse, confirma-se o prognóstico feito nas eleições, de que foi realizada uma renovação na prefeitura, mas uma renovação apenas parcial na câmara. A truculência e o populismo de tempos antigos ainda vicejam, apesar das exceções, naquele charmoso prédio no fim da ladeira da Rua Valle Porto.
PS – recebi via email e postado aqui no Bacucu uma carta aberta de Fortunato Machado filho, o Natinho, a quem só conheço de vista ou do tempo de escoteiro, já lá se vão anos. Meu caro Natinho, agradeço aqui publicamente os elogios feitos à minha pessoa. Quero que saiba que a admiração é recíproca. Quanto à sua preocupação com os ataques que teria sofrido aqui no blog do Neutinho, quero dizer que na verdade não sofro tanto assim. Meu couro é mais duro que parece. Só queria que tudo fosse mais jogo aberto, e não o jogo de sombras em que acaba se transformado. Ao contrario da caverna de Platão, estas sombras mostram muito claramente a precariedade do debate em terras de Valle Porto.
Um cordial abraço,
Jeff Picanço.
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