quinta-feira, abril 15

ENTROU AREIA NA BAIA DE ANTONINA...

Jeffinho Por: Jeff Picanço

Estive e ainda estou há  um bom tempo afastado, por questões profissionais e familiares. Às vezes, conciliar o trabalho de blogueiro com a vida não é fácil mesmo. Quando dava, até dei umas sapeadas nos blogs da cidade, mas foi tudo muito rápido.

Vi que estes dias voltou ‘a Câmara municipal o tema do assoreamento da Baía de Antonina. Tentei dar uma olhada, mas só achei uma ata de uma Audiência Pública de 16 de outubro do ano passado. Como está isso?

A baía de Antonina é um presente do mar, e tem uma “vida” geológica de aproximadamente 15 mil anos. Antes disso, o nível do mar estava 80 metros abaixo do atual, na última era glacial. Antonina estava hoje no alto vale do rio Cachoeira/Nhundiaquara, os quais, juntando-se aos rios da baia das Laranjeiras, iam para o mar, cuja orla ficava a cinqüenta quilômetros das atuais praias. Com o soerguimento do nível do mar, há 15 mil anos atrás, o vale destes rios foi submerso pelo mar. Tem vários estudos científicos que provam isso, e eu postei no meu blog há um tempo.

O fator natural de maior impacto que contribui para o assoreamento natural é a erosão da Serra do Mar, com montanhas de até 1.800 metros de altura, na serra dos órgãos, onde está o pico Paraná, na divisa Antonina/Campina Grande do sul. Os rios Cacatu, Cachoeira, por um lado, e os rios do Rosa e Faisqueira, por outro, trazem os sedimentos destas serras e os depositam na baia.

A partir de meados do século XX, intensificou-se a ocupação das áreas de serra, nos vales destes rios. Com isso, maior número de áreas foram desmatadas, aumentando a quantidade de solo a ser erodido e depositado na baia pelos rios. Isso foi denunciado já nos anos 60 e 70 pelo professor Bigarella.

Outro fator foi a alteração da dinâmica hidráulica do rio Cachoeira pelas águas que desciam do planalto na usina do Capivari-Cachoeira. Entretanto, um estudo efetuado pela UFPR no inicio desta década mostra que houve um aumento anormal de sedimentos em alguns canais da baia, e que podem ser explicados pela mudança na energia dos canais pela usina. Não foi a toa que o maior ímpeto do assoreamento foi a partir dos anos 70/80, com a instalação das novas ilhas de material sedimentar ao longo do canal.

Portanto, como já foi discutido aqui no Bacucu com Farinha e no blog do Bó, entre outros, é necessário alguma tipo de reconhecimento e reparação deste dano ambiental, feito numa época em que a preocupação ambiental estava ausente das obras de engenharia. É necessário, e é justo para com Antonina.

Claro que pessoas vão querer tirar proveito político com isso. Mas a comunidade tem que estar atenta e reagir ao que for despropositado. O que não pode é a gente ficar olhando, com olhos de caranguejo, enquanto atulham nossa baia sem nada fazermos para ao menos, minimizar os impactos ambientais e sociais.

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