Estes dias, conversando com meus botões, eles me falaram algo que me deixou ainda mais pensativo do que sou. Era sobre o escândalo dos diários secretos, que há um bom tempo abala a assembléia legislativa do nosso estado.
Será que o fim deste esquema na AL não significa, finalmente, o desmonte da máquina Neyista no Paraná? Explico: desde os anos 70, até 1982, o governador Ney Braga mandou, com e sem aspas, no estado. No início um governante vigoroso e renovador, era ligado aos setores militares conservadores – ele próprio era coronel da reserva – e vinculado ao general Castelo Branco. Ney foi um apoiador do golpe de 64 e fiel partidário do regime de força. Embora tivesse divergências aqui e ali, com Costa & Silva, com Figueiredo, nos anos 70 foi um aplicado funcionário dos governos militares. O legado político de Ney Braga é imenso, e somente nos anos 90 viu sua influência cessar, nos governos Álvaro dias e Requião. Entre os políticos criados no neyismo, temos os ex-governadores José Richa (embora posteriormente oposição a Ney, iniciou sua carreira política no neyismo) e, em certa medida, Jaime Lerner.
Outra figura poderosa, e paralela, é a figura do ex-deputado Aníbal Cury (ou Curi, ou Khoury, sei lá). Chamado pelos seus contemporâneos de “guru”, Aníbal Curi foi um ardiloso articulador da política paranaense. Deputado estadual desde 1954, Aníbal Cury acabou sendo cassado em 1969, acusado de corrupção e de diversos crimes que nunca foram provados. Reelegeu-se deputado estadual em 1982 pelo PMDB e, até sua morte, foi uma figura poderosa na política paranaense. Por cinco vezes foi presidente da AL. Em sua ultima eleição, em 1998, obteve cerca de 130 mil votos, sendo o deputado mais votado.
Pois bem. Os Diários Secretos são obra – e que obra! – dos últimos anos, de 2006 pra cá. É só entrar lá no site da Gazeta Do Povo (http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/diariossecretos/), clicar em diários secretos e ver as barbaridades, tudo baixável em pdf. Existe até morto recebendo pensão, como nas histórias mais escabrosas de nossa república.
Existem varias questões não explicadas pelo presidente da Assembléia Legislativa, deputado Nelson Justus, e pelo 1º secretario, dep. Alexandre Curi, neto de Aníbal. Até o momento, não houve nenhuma tentativa de explicação seria. O que houve foram tentativas patéticas de desqualificar o ministério púbico e cercear as investigações. Não é assim que se pratica a “tar” da transparência política. Não mesmo.
Mas peraí: o tal do ex-todo-poderoso Bibinho, o “braço direito” de Aníbal Curi, segundo um post de 2008 do blog do Zé Beto (http://jornale.com.br/zebeto/2008/03/19/o-poder-de-bibinho/), o tal da máquina de triturar documentos, o tal que está preso, da mesma forma que o ex-governador do DF, José Roberto Arruda (DEM), para não destruir provas e prejudicar as investigações - Quem deu poder a ele? - Será que os presidentes da casa nos últimos trinta, quarenta anos, não sabiam de nada?
É minha modesta opinião. Mas essa crise da Assembléia Legislativa do Paraná está mostrando o lado obscuro do estado, que precisa ser varrido. Com ele, formas de dominação e esquemas obsoletos têm que ir embora juntos. Será que dá certo? Acho que a política paranaense ainda está repleta dos DNAs do neyismo e de seus áulicos. O eleitor teria que fazer uma limpeza biológica para a qual não foi preparado. Os políticos paranaenses têm muito de seu DNA ruim se replicando por ai.
Boa pizza a todos!!
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