quarta-feira, maio 19

TURISTAS DE NÓS MESMOS???

De:  Antonio Bento Bento (cel.antoniobento@hotmail.com)

Enviada: terça-feira, 18 de maio de 2010 20:40:31

Para: Bacucu com Farinha - bacucucomfarinha@hotmail.com


TURISTAS DE NÓS MESMOS?

“Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova.” (Mahatma Gandhi)

O que as situações a seguir têm em comum: um homem jovem não ceder a cadeira a uma senhora grávida no ônibus, na fila do banco ou na sala de espera do dentista; um cidadão, num ambiente fechado, ao invés de ouvir a música de seu aparelhozinho portátil, celulares, principalmente, por meio de fones individuais, o faz com o volume máximo que equipamento permite; alguém empurrar outro para passar por uma porta ou numa calçada, ao invés despedir licença; um atendente de loja tratar os clientes como se estivesse fazendo um favor, quando, de fato, o cliente é que, indiretamente, está lhe dando um emprego; serve também a situação inversa, o cliente tratar aos gritos e impropérios o atendente que cometeu um engano ou que se recusa a realizar uma ação que considera ilegal, impossível ou inapropriada à sua função; o funcionário público tratar o cidadão como se este fosse seu empregado, dando-lhe ordens ou tratando-o com desmerecimento, sendo justamente o inverso, cada funcionário público é empregado de todos os cidadãos; mais uma vez o inverso é válido e inaceitável, o caso do cidadão tratar o funcionário público como seu assalariado particular exigindo que sejam feitas coisas para si que não gostaria que fossem feitas a outros; o cidadão furar a fila e outro cidadão permitir isso, por amizade ou favor, desrespeitando todos os outros que haviam chegado anteriormente e que, por ordem natural, deveriam ter a prioridade do atendimento; o jovem motorista que ouve música no mais alto volume, como se seu automóvel fosse um rio elétrico e cada pessoa, na rua ou no interior de sua casa tivesse o mesmo gosto musical e interesse em ouvir a mesma coisa.

Pior, desrespeitando escolas, igrejas, hospitais e o sossego a que todos têm direito durante seu descanso ou atividades sociais e profissionais? A resposta é simples e óbvia: manifestações patentes de falta ou pouca educação.

Infelizmente, situações como essas, e outras tão ou mais graves e irritantes, têm-se tornado constantes. O trânsito é rico de maus em maus exemplos. Motoristas que dobram a esquina sem dar sinal de luz; buzinas desnecessárias, seja para reclamar, seja para cumprimentar um amigo; ultrapassagem perigosas na avenida centra de Antonina; menores dirigindo carros e motos com a anuência irresponsável dos pais; estacionamento sobre as calçadas; desrespeito aos pedestres; bicicletas na contra-mão ou sobre o passeio público; pedestres andando no meio das ruas... Impossível listar todos os absurdos.

A educação social é o principal indicador da evolução de uma sociedade e quando esta educação é deficitária, todos perdem. Ao estacionar o carro em frente a um bar e colocar o volume do som no mais alto que pode, o motorista que impõe seu gosto - muitas vezes, mau gosto – musical a quem estiver a uma distância nada pequena, desrespeita o espaço alheio, irrita quem é compulsoriamente obrigado a escutar e, sem que saiba ou se importe, é mal falado pelas pessoas de bom senso. Igualmente mal querido fica o dono do estabelecimento que permite o abuso ao sossego dos vizinhos.

Medida acertada seria baixar uma portaria pelo Ministério Público, limitando o volume dos carros de propaganda, o que dará ao comércio, principalmente, e aos moradores, uma tranquilidade merecedora que esta sendo roubada. Os profissionais de propaganda volante se adequariam e os abusos sumiriam. Para muitos ainda é uma prática irritante, mas para toda a comunidade haverá ganho na qualidade de vida. Por outro lado, a fiscalização para carros particulares está falha, muito longe do ideal.

Se os profissionais dos carros de som respeitarem às normas e aos cidadãos, os donos de carros particulares que nos obrigam a escutarmos e irritarmos-nos com sua falta de educação não sofrem admoestações das autoridades policiais e, pior, se irritam quando chamados à atenção por um cidadão ofendido em seu sossego, em seu gosto e em sua cidadania.

Na cidade em que a violência tem crescido pelos mais insignificantes e torpes motivos, é de se temer afrontar a quem nos ofende. Se o pacato contribuinte de impostos liga para a polícia, esperando que a autoridade da lei evite um confronto, recebe de resposta a alegação de que os agentes de segurança pública nada podem fazer, que o incomodado deveria procurar o Ministério Público. Mas como recorrer ao promotor entre a noite de sexta-feira e a manhã de segunda-feira?

Se o dito pacato contribuinte resolve recorrer diretamente ao proprietário do automóvel barulhento, é recebido com descaso, acusado de estraga prazeres, ofendido em sua honra.

Não é rara a situação em que é destratado e ameaçado de agressão física. E aí ocorre uma inversão de valores em relação ao que ensina a boa educação: o agressor fica livre e dono da situação, impondo-se pelo medo e coerção, enquanto o agredido tranca-se em casa com medo de exigir o respeito a seus direitos individuais garantidos pelas leis e pelas regras da boa convivência.

Antonina tristemente passa por um período de sérias desobediências às normas tácitas de boa convivência. Há todo o tipo de lixo jogado em nossas ruas, do papel de bala às garrafas de refrigerante, do anúncio de propaganda aos cartazes de festas, de terrenos baldio no centro da cidade como criadouros de ratos; baratas; moscas... e  dos impropérios gratuitos ao lixo musical às alturas insuportáveis.

Foi-se o tempo em que se ensinava nas escolas e em casa que o direito de um cidadão termina onde começa o direito do vizinho. Na era do individualismo desregrado e das famílias ausentes no estabelecimento de limites comportamentais de seus filhos, os bons cidadãos põem-se reféns da imposição dos deseducados agressores.

Até quando for mais fácil se omitir frente aos incômodos e vendar os olho; poetizar com sapos, lagoas e fábulas, como se os sapos forasteiros fossem “aculturados” e os únicos incomodados. Nisto reside a nossa incongruência; uma cidade é o que o forasteiro tem em seu coração.

Não generalizando, é claro. A máxima é: “cada povo tem o governante que merece”. Para simples reflexão: há pessoas que defendem a idéia de nivelar as condições de higiene de todos os seres em todos os quadrantes da Terra. Todavia, vale considerar que, nem todos estão em condições de limpar e conservar limpa a sua casa, seja ela física ou a mental.

O que queremos dizer é que nenhuma modificação de vulto, poderemos esperar nos cenários da vida física, antes que surjam profundas alterações no mundo moral dos homens, e isso é uma questão de educação. Se colocarmos alguém deseducado para viver num palácio, logo este será convertido num pardieiro. Levemos alguém sem educação para conviver num jardim e este será, em breve tempo, transformado num campo arruinado.

Entreguemos a alguém deseducado a guarda de crianças inexperientes e é possível que, dentro em pouco, deparemos com delinquentes diversos, pelos exemplos degradantes com os quais convivem.

De nada vale buscarmos higienizar nosso planeta sem antes higienizar as mentes dos seus habitantes com a verdadeira educação, que é o conjunto dos hábitos adquiridos. Desse modo, não nos esqueçamos jamais de que a melhoria da casa guarda relação direta com a melhoria moral do seu habitante. Para que conheçamos a intimidade das criaturas, basta que observemos seus reflexos exteriores. Assim, “cada criatura traz na fronte, mas principalmente nos atos, o cunho da sua grandeza ou da sua inferioridade”.

Pensemos nisso!

Antes de ter um planejamento turístico para Antonina.

Cel. Antonio Gomes Bento

Obs: texto complementado por símbolos dialógicos.

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