terça-feira, outubro 5

ELEITORES, DEPUTADOS, DOADORES

Jeffinho Por: Jeff Picanço

Depois de uma semana em viagem, onde dei uma palestra no Congresso Brasileiro de Geologia em Belém(PA), Campinas está em plena primavera. O distrito onde moro, em Barão Geraldo, é uma cantoria sem fim de cigarras. De volta as aulas e a rotina do Instituto, no entanto, tive um tempo pra dar uma olhada nos resultados das eleições.

Dei uma olhada nos resultados das urnas da terrinha. Em outras eleições, eu ficava acompanhando os resultados do TRE pra passar pro meu pai, analógico e aflito do outro lado da linha. Me dá uma certa saudade, não precisar passar os votos de Antonina pelo telefone pra ele. Este ano, então, nem os resultados eu vi direito.

Pelo que vi, o mais votado para deputado estadual foi nosso conhecido deputado “que faz”, Alexandre Curi, do PMDB, com cerca de 900 votos dos bagrinhos. Mais do que ver quem está por cima ou por baixo, tão comum quando saem os frios números dos resultados, eu gostaria de ver quem está por dentro.

É possível fazer uma analise política apenas nos termos das propostas e da atuação dos deputados, prefeitos, governadores. Mas, numa eleição cara e midiática como a nossa, é também possível fazer uma analise dos deputados pelas doações que este recebe. No caso de nosso caro vice-presidente da Assembléia, pelos dados do site Transparência Brasil (http://www.asclaras.org.br/2006/doador.php?DOCodigo=56630&rs=true), vemos que em 2006, quando recebeu consagradores 131.998 votos, o nobre deputado recebeu doações e teve uma receita de R$1.165.419,00, o que perfaz R$8,83 por voto. Bem acima da media dos deputados paranaenses eleitos naquele ano, de R$5,54 por voto.

Olhando pelos números frios, nosso querido deputado é um dos que mais gastam pelo voto que recebe do povo paranaense. Será que é um voto ideológico, um voto baseado nos compromissos políticos do deputado?

Quando nos baseamos nos registros oficiais de doação de campanha, obtidos no mesmo endereço eletrônico já citado, vemos que, do total dos doadores de sua campanha, seis doadores correspondem a 50% do total das doações, ou seja, a bagatela de R$572.355,45. Entre estes constam a Nutrimental, a família Cury e a Capão Bonito Incorporadora. Embora o eleitor seja importante, quem é mais importante para o nobre deputado? A Nutrimental ou os míseros 900 votos dos bagrinhos?

No site do Transparência Brasil, já citado, consta que o deputado Alexandre Cury teve, entre 2006 e 2010, um aumento patrimonial de 75%,, passando a um patrimônio liquido de R$8.732.609,00. Tudo bem, o deputado vem de uma família tradicional e com muitos recursos, não depende dos R$ 12.384,00 de salários que recebe todo mês. Entretanto, quem é que gerencia este patrimônio enquanto o deputado “que faz” está fazendo leis e debatendo o futuro dos paranaenses? Carinha bom este...

(Isto sem contar com os escândalos da assembléia, onde o nobre deputado Alexandre Cury está enfiado até o pescoço...)

Com isso, quero dizer é  que a nossa política, do jeito que é organizada, não privilegia o debate, político, as idéias, a transformação. Quem é que pode entrar num jogo caro destes sem ficar refém de interesses econômicos dos mais diversos?

Enquanto isso, a missão de zelar por nosso estado e nosso país sobra para uma minoria de pessoas detentoras do poder econômico e/ou aliadas e ele. Por mais que estas pessoas façam o “bem do povo”, será que elas não fazem mais bem a elas mesmas? Será esta a política que queremos para bagrinhos, paranaenses e brasileiros?

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