quarta-feira, janeiro 5

ANTONINA E O CALENDÁRIO MAIA

Por: Jeff Picanço

Um dia de cada vez, diz a sabedoria popular. 2010 foi, ao menos pra mim, um bom ano, cheio de conquistas. Uma das conquistas que tive foi mais mental (ou espiritual, como poderiam dizer alguns): aprendi a ter paciência, a esperar os dias, as horas, os meses. A impaciência às vezes é necessária, a um tempo perturbadora e destruidora. A impaciência não quer saber de nada, quer acelerar o tempo, fazer o tempo precipitar-se como uma cachoeira vertente abaixo.

A paciência, ao contrário, é uma força construtora. Como uma gota de água, uma após a outra, a despegar-se na parede da gruta. Para fazer um centímetro de estalactite, são necessários longos milhares de anos de continuo e paciente gotejar. Assim é a paciência. Ouvir. A paciência é uma ouvinte atenta. Está atenta aos longos monólogos, aos gritos dos impacientes, as lamúrias dos fracos, a soberba dos fortes. Ouvir, gota a gota, palavra por palavra. E compor, com paciência, a teia das vozes, o tecido dos sentidos, a roupa dos dias que estão por vir.

Acho que 2011 será um ano em que deveremos ter muita paciência. Um ano de construir, de falar, de colocar tijolos. Um ano de muito falar e de muito ouvir. E ouvir com paciência. Sei lá porque digo isso, talvez um passarinho me contou, talvez uma brisa me trouxe. Ou só pensei, simplesmente.

Ou talvez saiba sim. Sei que muitos amigos, comendo uma caranguejada na beira do mar, ou começando mais um ano de trabalho, estão pensando nas eleições municipais de 2012. Muito cedo. Extemporâneo, até. Acho, humildemente, que se deve olhar pra trás e ver o que está acontecendo na comunidade. Onde foram os avanços, as conquistas, e o que está por vir. Também pensar onde houve retrocessos, onde as coisas precisam ser retomadas. E pensar também os tempos futuros, as novas coisas, as coisas ainda não pensadas.

2012 poderá ser também, segundo os oráculos do Calendário Maia, um ano apocalíptico. Claro que não ponho fé nisso. O que eu acho é que a gente pensa pouco, tem pouco claras as idéias, e não consegue fazer direito o que se quer. Nesse empirismo tosco, não conseguimos fazer nada realmente construtivo, e somos sempre atropelados pelos ventos do momento. Não se consegue construir nada de duradouro dessa forma.

Temos que pensar antonina para longe dos projetos pessoais. Principalmente quando se trata de aventureiros. A aventura capelista de Munira Peluso e seus asseclas é uma evidência do quão danoso pode ser abrir as portas pra projetos deste tipo. Um período em que a cidade foi rica com o dinheiro do porto e do terminal da ponta do Felix, e do qual não sobrou nada, graças aos desmandos do poder municipal. Como o tal do Posto de Saúde do Portinho e que nunca saiu do papel e pelo qual tanto reclamava meu pai em seus últimos anos de vida.

Dito isso, quero, de coração, desejar um feliz 2011 a todos os que me lêem, tanto no meu blog quanto aqui no Bacucu com Farinha. Um ano vivido de verdade, dia após dia, com seriedade e com alegria, tudo junto. Pois que assim é a vida. Vamos viver 2011 como deve ser vivido. 2012 ainda é propriedade do calendário maia.

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