sábado, março 12

13 DE JANEIRO DE 2010 - RECORDANDO

Por: Jeff Picanço

Por: Jeff Picanço

O ano de 2010 começa marcado por tragédias. Os deslizamentos de terra e enchentes causados pelas fortes chuvas na região do vale do Paraíba e litoral sul do Rio de Janeiro acabaram por causar dezenas de vitimas fatais, sem contar os prejuízos materiais e de locais de valor histórico. A cidade de São Luiz do Paraitinga, em São Paulo, teve quase 80% de seu centro histórico afetado e sua igreja matriz completamente destruída. Seu carnaval, um dos carnavais de rua mais tradicionais e animados de São Paulo, foi cancelado.

Em parte, estes fenômenos são fenômenos naturais, causados por deslizamento de encostas íngremes e chuvas sobrenormais. O grande problema é que, em geral, as pessoas não respeitam estas áreas de risco, ali construindo suas moradias. Por uma perversa combinação de ignorância, ganância e má-fé, imensas áreas são loteadas/vendidas/invadidas por pessoas que ali constroem suas casas sem o mais elementar planejamento: aterros malfeitos, lançamento de águas em locais impróprios, cortes mal dimensionados.

O poder público se omite, e permite a ocupação. As pessoas vão construindo sem nexo. “Ah, não dá nada”, dizem. Só que em cinco, dez, vinte anos, o talude vai cair, pois foi instabilizado. Até dá pra saber quando: quase sempre janeiro ou fevereiro, num ano de chuvas sobrenormais. Foi assim em Pirabeiraba, Joinville, em 1995, que acompanhei de perto. Foi assim ano retrasado em Blumenau, em novembro.

É necessário um esforço conjunto da comunidade e poder público sobre maneiras mais seguras e práticas de se construir e não induzir escorregamentos. Tem a ver com educação. A prefeitura precisa saber quais são as áreas de maior e de menor risco para, dependendo do caso, desalojar e inibir a ocupação destas áreas. Isso envolve leis, planejamento, vontade de fazer.

Vi aqui no Bacucu Com Farinha, certo alarde por causa de áreas de risco em Antonina. Aqui, na Deitada-a-beira-do-mar, estes problemas mais agudos estão longe de acontecer, pois nossas encostas, com a provável exceção do morro da Graciosa, são de ocupação pouco intensa, ainda. Friso o ainda. De qualquer forma, numa rápida inspeção no Morro da Graciosa e em outros locais pode-se ver problemas, principalmente cortes de terra mal dimensionados, acumulo de lixo e falta de cuidado no lançamento de águas do morro.

Não é demais perguntar: temos um Plano Diretor que contemple os aspectos sociais e ambientais da cidade? Um Plano Diretor sério, como devem ser os planos diretores, contempla estudos geológico-geotécnicos que possam separar as áreas mais e menos perigosas, bem como ajuda a disciplinar o uso e ocupação do solo em áreas de risco.

Outro fator importante: deve-se promover a educação das pessoas, para que evitem estas áreas, ou que dêem soluções adequadas as suas construções, cuidem da destinação de seu lixo, etc. E o poder público deve fazer sua parte, fiscalizando e ordenando o solo da cidade, cuidando do bem estar dos cidadãos. Dezembro, janeiro e fevereiro, se bem cuidados o ano todo, são principalmente meses de festa, descanso e alegria, e não mais de tragédia.

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NOTA.:

A REALIDADE EM 2011

Dia 11 de Março de 2011, em Antonina, dez casas foram atingidas por causa de um deslizamento de terra e cinco famílias ficaram desalojadas.

Notícia ainda não oficial, soube que tivemos uma baixa na noite de sexta-feira no bairro do Batel, um deslizamento no morro do cemitério (Batel), pelo menos uma pessoa perdeu a vida...

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