sábado, abril 30

*** EPIFANIA, NUM DOMINGO DE PÁSCOA.

Fortunato Machado Filho

“ATÉ A CRIANÇA SE DARÁ A CONHECER PELAS SUAS AÇÕES, SE A SUA OBRA FOR PURA E RETA” Provérbios 20:11

(24.04.11) Lembrei-me que em julho de 2009, em Antonina, por ocasião da realização do Festival de Inverno, participei de uma conversa com pessoas oriundas de outras regiões do País e que se estabeleceram em Antonina com negócios e, posteriormente trouxeram familiares ou mesmo constituíram família aqui.

O que chamou a atenção foi a concepção que alguns expuseram na conversa, de que a principal culpa do sub-desenvolvimento de Antonina se deve à falta de compromisso de grande parte da população para com a melhoria e o consequente desenvolvimento cultural, empresarial e político.

As bases culturais por aqui foram fincadas sob a cultura garimpeira, ou seja, a de encher as ‘burras’ e ir embora. Assim não havia compromisso com ninguém e nem com o lugar. Mas, toda regra tem exceção, por isso vemos muitas famílias que residem por aqui e que tem raízes no tempo do garimpo e que deram e dão a sua contribuição positiva às comunidades nas quais estão integradas.

Porém, a maioria se comporta como os velhos e maus garimpeiros, sem o compromisso com o lugar onde tira o sustento. Com suas visões imediatistas, apenas exploram sem se importarem com a sustentabilidade, o meio ambiente que são parte. Nota-se a ausência da chamada educação de berço, por isso se liga esgotos na rede de águas pluviais, joga-se lixo nas ruas. Não se importa com os lotes vagos e cheios de mato, servindo para depósito de entulhos, quando poderia se construir muros, já que esses imóveis, em maior número, servem à especulação imobiliária.

O pagamento dos impostos à municipalidade parece ser um favor quando se deve ter a consciência de que é uma obrigação. A pouca importância, até mesmo o desprezo pelo patrimônio público é notório quando se vê a depredação de objetos e locais públicos como se não tivesse dono. Há uma tendência de se achar que a ‘porta da rua’ é de ninguém, por isso, jogar entulho ou lixo parece ser normal. Quando ao contrário, deve se entender que a cidade pertence aos seus habitantes. Daí a necessidade de se vivenciar a cidadania que é você tomar posse dos seus direitos e deveres.

Alguém lembrou em meio a conversa que o problema deva estar porque hoje se fala e ensina mais sobre diretos do que deveres - alguém sabe quais são os deveres do consumidor?

Tomemos por base que a vida e a saúde são também direitos primordiais ao ser humano, mas se verifica um relaxo quanto aos cuidados com a saúde pública que ao contrário do que muitos pensam, ela não está nos hospitais ou ambulatórios, mas na prevenção que envolve a todos; poder público e população. Nesta época do ano, quando aumenta a incidência de casos de dengue, são poucas as pessoas que levam a sério o problema, quando todos deveriam cuidar de cada palmo de seus quintais, não permitindo focos do mosquito.

Lamentável encontrar nos hospitais pessoas internadas com dengue, o que só se pode atribuir ao desamor por si e pelo próximo, porque acha que a enfermidade não o atingirá, bem como aos da sua família.

Com raríssimas exceções, o ‘garimpismo’ também predomina entre políticos e eleitores. Entre lideranças políticas locais e agentes políticos estaduais e federais, pelo aliciamento de votos, bem como pelo tráfico de influência, desde que se tenha alguma vantagem individual em detrimento às necessidades coletivas. Estas reflexões são necessárias ainda neste início de ano, até porque caminha-se para as eleições municipais de 2012, onde muitos querem ser eleitos e outros reeleitos.

Garimpar é extrair riquezas, mas é preciso que se extraiam riquezas sem dilapidar patrimônios, especialmente o público. Garimpar é separar valores, porém sem desagregar os princípios harmoniosos do ambiente em que se vive, no entanto, valorizar e se compromissar em manter uma sociedade na qual a justiça continue de olhos vendados e seja aplicada para manter o equilíbrio no desenvolvimento dos nossos municípios, compartilhando riquezas espirituais, culturais, patrimoniais e respeito; sem exceção...

‘Garimpemos’ com sustentabilidade e responsabilidade social! Outros, depois de nós, aqui pisarão, falarão e escreverão uma história diferente.

Provérbio revisto
Newton de Lucca

A voz do povo
é a voz de Deus...
Que povo?
Que Deus?
O que beijou Stálin?
O que delirou com Hitler?
Ou o que soltou Barrabás?
(Será que Deus já não teria se
enforcado em suas próprias cordas vocais?)


A voz do povo é a voz de Deus...?
Realmente esse provérbio, me faz refletir. Todos os dias nós vemos a multidão ensandecida com a possibilidade de pôr na forca algum desses criminosos que têm a infelicidade de receber a atenção de algum pseudo-jornal atrás de audiência.

O exemplo de Barrabás é perfeito para ilustrar que a "multidão é burra". As pessoas sozinhas pensam melhor. Tanto homens quanto mulheres se sentem mais confortaveis para fazer besteiras se estão em grupo, já notou?

E também devemos perceber que a maioria sempre toma decisões questionáveis

Lendo um texto do escritor baiano João Ubaldo Ribeiro "Precisa-se de Matéria Prima para construir um País", não tive como não concordar com a sua dissertação sobre a opinião de que os ex-presidentes Collor, Itamar, FHC e Lula não serviam, e que agora é a Dilma que não serve, bem como o que vier depois dele “também não servirá para nada...”. Lembro que o referido texto recebi como e-mail repassado, mas vi que vale a pena comentá-lo com você leitor.

Diante dessa idéia alimentada por muitos, o escritor diz suspeitar que o problema não está no ladrão corrupto de outrora, ou no farsante do agora. “O problema está em nós. Nós como POVO. Nós como matéria prima de um país de uma cidade. Porque pertenço a um país ou a uma cidade, onde a "ESPERTEZA” é a moeda que sempre é valorizada, tanto ou mais do que o dólar”.

Ribeiro lamenta-se por pertencer a um país ou uma cidade onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família, baseada em valores e respeito aos demais. A desonestidade é outro fator que impregna essa matéria prima que somos nós, segundo o pensamento do escritor.

Claro que se refletirmos profundamente sobre o quesito desonestidade, debruçaremos sobre as palavras de Jesus Cristo que disse, “atire a primeira pedra aquele não tem pecado”. Mas ao imaginar um lugar onde as pessoas compram e deixam o dinheiro no lugar da mercadoria, sem precisar da presença do dono, é quase utopia, mas existe. Funcionários que levam pra casa o que pode da empresa em que trabalham, chega ser uma praxe em nosso povo.

A Lei de Gerson, aquela do tirar vantagem em tudo pode ser considerada a raiz do problema da matéria prima que forma os nossos municípios, ou seja, nós, o povo; que doar-se pelo bem comum é quase um crime contra si, esquece-se do ensino de Francisco de Assis que disse “é dando, que se recebe”, embora esse termo ficou conhecido pela sua aplicação pela maioria dos políticos em Brasília, em tempo não muito longínquo. João Ubaldo Ribeiro fala da fraude na “declaração de imposto de renda para não pagar ou pagar menos impostos”.

Trazendo essa análise para os municípios, quantos ainda não pagaram os impostos de 2010 à receita municipal? Quantos atiram lixo pelas ruas e depois cobram dos prefeitos uma melhor limpeza pública? Somos a matéria prima defeituosa, bem diz o escritor. Mas, tudo tem conserto. Basta mudar de atitude, gerir bem a nossa casa, cuidar de sua frente, entender que a rua tem dono, ela não é de “ninguém”, que você se identifica com ela. Devo refletir, seu estado de higiene denuncia o que em realidade eu sou, cidadão compromissado ou não.

Ainda segundo Ubaldo Ribeiro, é preocupante se viver em um país “onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no ônibus, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar o lugar, onde a prioridade de passagem é para o carro e não para o pedestre; onde fazemos um monte de coisa errada, mas nos esbaldamos em criticar nossos governantes”.

Parodiando o escritor, como "matéria prima" de um município, temos muitas coisas boas, mas nos falta muito para sermos os homens e mulheres de que nosso município precisa. As nossas deficiências, "ESPERTEZA BRASILEIRA" cultural e a “desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos de escândalo, essa falta de qualidade humana, mais do que governantes do passado, e do presente, é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são brasileiros como nós, ELEITOS POR NÓS”.

Ubaldo Ribeiro frisa que somos todos nascidos aqui, “não em outra parte... Entristeço-me. Porque, ainda que Dilma ou Canduca renunciassem hoje mesmo, o próximo presidente ou prefeito que os sucederem terão que continuar trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos”. Ele lembra que é necessário se erradicar primeiro os vícios que temos como povo, do contrário ninguém servirá para governar nossos municípios, estado e país.

E ele pergunta, “qual é a alternativa? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados..."

Finalizando seu raciocínio, João Ubaldo Ribeiro exclama, “nós temos que mudar! Um novo governante com os mesmos brasileiros não poderá fazer nada... Está muito claro... Somos nós os que temos que mudar. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de surdo, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. É O QUE EU SEMPRE DIGO. “O GOVERNO SOMOS NÓS, OS POLÍTICOS, NEM TANTO ASSIM.” "MEDITE !!!" E eu acrescento: o que nos falta é EDUCAÇÃO!”.

***Não confundir com Epifania do Senhor.

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