sexta-feira, janeiro 27

Iphan aprova tombamento do centro histórico de Antonina



antonina-arquivo-Nizaor-JuniorO Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural confirmu nesta quinta-feira (26) de janeiro, o tombamento do centro histórico de Antonina.

A decisão foi tomada na reunião realizada na sede do Instituto do Patrimônio Histórico de Artístico Nacional (Iphan), em Brasília. O tombamento agora segue para homologação da ministra da Cultura Ana de Hollanda.

De acordo com o parecer técnico elaborado pelo Iphan, a área tombada materializa os processos de ocupação territorial no Sul do Brasil, particularmente no Paraná, e está diretamente ligada ao primeiro ciclo de exploração do ouro no país. 

O presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, lembra que Antonina já possui tombamentos isolados pelo governo estadual e a decisão do Conselho Consultivo proporciona “a inclusão de mais um agente, que é o Iphan, em todo um trabalho que já vem sendo realizado pela preservação do patrimônio cultural”. O tombamento do conjunto histórico e paisagístico de Antonina integra a política do Iphan que visa ampliar as áreas protegidas e inclui o município no rol das cidades históricas do Brasil. 

A extensão do tombamento compreende o centro histórico da cidade e o complexo das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo (IRFM). Para o conjunto Matarazzo, será incentivada a continuidade da atividade portuária, por meio de diretrizes para ocupação da área, desde que sejam preservados e recuperados os imóveis remanescentes mais importantes individualizados no tombamento.

História

A região da Baía de Paranaguá foi uma das primeiras áreas exploradas pela Coroa Portuguesa na Região Sul do Brasil. Com sua extensa entrada para o continente, foi considerada um local estratégico para o controle da região e para a busca por índios e metais preciosos. A exploração de ouro na baía impulsionou o desenvolvimento inicial de Paranaguá, bem como das localidades vizinhas, como Antonina, Guaraqueçaba e Morretes.

As primeiras descobertas de jazidas em Minas Gerais, no início do Século XVIII, deflagraram o processo conhecido como “corrida do ouro” e fez com que as povoações formadas no litoral do Paraná voltassem suas atividades para a subsistência. Com a elevação de Antonina à categoria de Vila, em 1798, e com a reabertura dos portos brasileiros dez anos mais tarde, a disputa entre Paranaguá e Antonina pelo controle da atividade portuária se acirra. Como resultado deste embate político, o Caminho da Graciosa é reaberto para facilitar o escoamento da produção agrícola do interior do estado para o litoral.

A partir de 1820, com a implantação de engenhos de erva mate para exportação, o incremento de atividade portuária levou a um rápido crescimento urbano, com a abertura de novas ruas, a construção das igrejas de São Benedito e de Bom Jesus do Saivá, do primeiro trapiche e do mercado de Antonina. Obras para tornar o Caminho da Graciosa carroçável e a construção da Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá, na segunda metade do Século XIX, intensificaram a comunicação entre Antonina e as demais cidades paranaenses.

A partir de 1914 houve um novo período de crescimento para a cidade, com o início das atividades das Indústrias Matarazzo.  Devido à falta de investimentos, ao assoreamento dos canais da baía e ao progressivo aumento do calado das embarcações, a partir de 1930, o Porto de Antonina entra em decadência. Várias empresas fecharam as portas, levando a cidade, mais uma vez, à estagnação econômica. Em 1972 houve o fechamento das Indústrias Matarazzo e, em 1976, a desativação do ramal ferroviário Morretes-Antonina.

Paisagem natural

O ambiente natural de Antonina, formado pelas montanhas da Serra do Mar e pela Baía de Paranaguá, foi determinante para a implantação da cidade neste local e para a forma como se deu seu crescimento. Por esse motivo, Antonina foi descrita como pitoresca por viajantes que por ali passaram no Século XIX, como o engenheiro inglês Thomas Bigg Wither: "um lugarejo bonito e até pitoresco, situado, como está, entre a terra e a água, ao pé de gigantesca cadeia de montanhas, a Serra do Mar”.

A escala e porte de Antonina relacionam-se harmonicamente com o ambiente natural em que está inserida. Este conjunto preserva uma rara qualidade ambiental nas atuais cidades brasileiras e configura-se em potencial para seu desenvolvimento social.

Fonte: Iphan
Foto: Nizaor Junior

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