Por: Jeff Picanço
De vez em quando os parnanguaras
olham para o fundo de baía que tem atrás de si e disparam: “só
podia ser em Antonina mesmo”. É um exagero, uma pegação no pé,
uma brincadeira. Mas, como diz a música, todo boato tem um fundo de
verdade. Às vezes, e não só às vezes, nós bagrinhos damos contêineres
e mais contêineres de motivos para as bazófias de nossos vizinhos.
Mas, é forçoso reconhecer, antes que os ventos terrais, os bagres
e os urubus levem as notícias aos parnanguaras, os habitantes da Deitada-a-beira-do-mar
já dizem em alto e bom som que tem coisas, para o bem ou para o mal,
que só acontecem em Antonina.
Não sei direito o que aconteceu,
mas pelo que li recentemente no nosso escatológico e boquirroto Ornitorrinco,
porta-voz oficial da inominável Ornitorrinco Corporation (rumo a se
tornar a V Internacional Socialista), que existiram problemas na eleição
do Conselho Tutelar da terra dos bagres. Parece que foi uma barrigada
de prazos, seu eu, mas foi alguma coisa que acabou por comprometer todo
o processo. Como tudo na vida, tudo tem um lado bom e um lado
ruim. Eleição melada é sempre um problema, pois gasta-se inutilmente
o precioso tempo das pessoas, tempo que é tão raro e tão caro nos
dias que correm. Eleição melada por incompetência também é ruim,
pois a incompetência é prima irmã da má-fé. As duas andam sempre
juntas, ora é mais incompetência que má-fé, ora é mais má-fé
que incompetência. As duas opções são ruins.
Por outro lado, crise sempre
tem o lado da oportunidade. As eleições vão precisar ser refeitas?
Muito bem. Que tal os candidatos explicitarem suas idéias, mostrarem
seu currículo e tudo o mais? O conselho tutelar em Antonina é muito
importante. Temos problemas terríveis em termos de infância e adolescência,
é só andar pelas ruas da cidade e o problema está ali, na fuça de
todos: maus tratos, prostituição infantil, problemas com drogas, etc.,
dão um caldo de violência que, se ainda não aflorou é porque é
abafado pelo silencio e também pelos interesses envolvidos nessa situação.
Há dois anos denunciei aqui o problema da prostituição infantil na
praia dos polacos, que envolvia pessoas de Curitiba que alugavam casas
para usufruir dos menores sob a cumplicidade dos pais, que por merrecas
literalmente vendiam seus filhos aos abusadores. Na época, o pessoal
do Conselho Tutelar, que na época era a Maria Alice, respondeu à nossas
indagações, aqui no Bacucu e também no meu blog. Não sei o que aconteceu.
Repito: conselho tutelar é
coisa seria e importante, e tem que ser levado a sério. Não é coisa
que se leve na informalidade, os procedimentos e prazos tem que ser
cumpridos, ações tem que ser tomadas. Acho que se as eleições forem
retomadas, agora sem riscos de serem impugnadas e com um amplo debate
sobre o assunto, coisa que a imensa blogosfera capelista tem condições
de fazer é tudo que se pede. Um conselho tutelar eleito e representativo
é uma garantia que tem força para agir, para tomar atitudes, enfim,
para existir. Nossas crianças agradecem.
Ontem fiz um post falando de
liberdade e tolerância em termos de religião, inclusive para os que,
como eu, não professam nenhum credo. Respondendo a um post de hoje,
03/02, ainda no Ornitorrinco, repito que fanatismo religioso e homofobia
são coisas intoleráveis. Está em curso uma silenciosa e covarde campanha
contra quem age “diferente” do comum, e temos que nos posicionar.
Necesitamos de punições para criminosos e educação para a convivência
pacifica a e tolerância entre os indivíduos, como já fazem há centenas
de anos as sociedades que dão certo.
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