"EU COMENTO"

“O Crime não Compensa”

Já ouvi isso quando jovem em nome de filme de faroeste, em programa de rádio ou até mesmo em comentários policiais - essa frase acredito, pela constância em que era pronunciada, clamou forte na formatação de caráter de muitos jovens e adolescentes de minha época. Trazia-a intrínsecos dois sentidos, o de mostrar que o crime mesmo na sutileza da prática, sempre no final, prospera a luz resplandecente ao olhar longínquo da justiça. No outro, sendo ela uma frase de efeito, contemplaria um sentido subliminar ao ouvi-la, calando forte no íntimo de cada um.
Porém, como nem tudo o que reluz é ouro, nem todos são dotados de mente sã, de sentimentos nobres, éticos, transparentes - muitos trazem de herança genética, ou a adquirem no meio em que vivem pelas próprias facilidades circunstanciais e adeptos fervorosos da lei de Gérson.

Nessa eleição muitos crimes eleitorais foram praticados aos olhos de todos. A justiça e a ética fora vilipendiada a todo instante. Os infratores na maioria das vezes a tripudiaram e a relegou a plano secundário, onde a tônica era o resultado das urnas a seu favor, é claro.
Chega de montão ao nosso conhecimento, que os crimes ocorridos nesta eleição, partiram unicamente dos candidatos oriundos dos partidos que compunham a oposição ao Canduca - vereadores e prefeitos, (não todos) numa disputa de aparências maniqueísta, numa doutrina prontinha, toda ela baseada nas antinomias do bem e do mal, onde eles se intitulavam os deuses e a oposição a classificava, o diabo.
Uns foram pegos pagando a soma irrisória de 150 reais por voto, teve gente que comprou a família toda, gastando uma fortuna. Esse candidato à reeleição à Câmara, gastou só no dia da eleição a bagatela de 100 mil reais, e deixou rabo preso - arrisca não ser diplomado e perder o dinheiro e tornar-se inelegível por oito anos. Segundo informações, há outro que se elegeu a custa de doação de pães e cestas básicas, crimes prescritos em leis que serão certamente apurados e se confirmados, zázzz!
Conclusão, a coisa não está boa para o lado deles, que pensavam ainda que tudo fosse igual há quatro anos atrás. O eleitor está se esclarecendo a cada dia que passa, e o candidato se não tiver propostas, não se elegerá mais, mesmo despendendo vultosa quantia em dinheiro e cestas básicas.
Nisso tudo volto a afirmar sem medo de errar, que em toda essa transformação, deveu-se também a presença e a força dos Blogs, dos jornais eletrônicos, dos Zés das esquinas na formação de opinião junto ao eleitor desinformado. A propósito, tem gente em churrasquinhos de comemoração, tripudiando estes informativos, afirmando que estes não tiveram participação alguma neste contexto de mudança, pois se tiver na cidade 20 computadores é muito e, ninguém lê esses tablóides internéticos. A esta, aqui mando um singelo desafio: quer pagar pra ver?

Nerval é escritor e comentarista