sábado, janeiro 10

BAGRES EM GUERRA CIVIL




Por: Jeffe Picanço



Nos tempos da faculdade, lá longe no século XX, fiz amizade com um angolano, Joaquim Ferreira, que estudava Engenharia Cartográfica. Certo dia, discutindo as diferenças e semelhanças entre os dois lados do Atlântico, regados por uma boa cervejinha, meu amigo me disse: “Ó pá! Sabes quantas pessoas que tem no meu país que sabem construir uma ponte? Menos que cinco. E quantas pessoas existem por lá que sabem destruir uma ponte? Milhares“. Sempre penso nestas palavras de meu amigo, hoje já há muito de volta a seu país. Espero que reconstruindo pontes.

Angola, naqueles tempos, vivia o final de uma guerra civil de quase trinta anos, que destroçou o país. Até hoje, alguns colegas que vão trabalhar por lá tem que se haver com minas terrestres, bombas e outros artefatos bélicos durante seu trabalho. O terreno é tão minado que, em alguns locais o exército tem que ir à frentes das equipes de geologia, pra identificar e isolar as áreas de risco. Me contaram e tenho fotos pra mostrar, se alguém quiser ver as catástrofes que são as atualidades angolanas.

A guerra civil que meu amigo, o Joaquim, me contava, eu sempre imaginei como sendo Antonina. Vivemos em perpetuo clima de guerra civil, com um grupo destruindo o que o anterior já fez. Antonina tem uma tradição de canibalismo, de uma autofagia que mesmo o Paraná, um estado autófago por natureza, tem dificuldades pata digerir.

Com exceção das Cassandras de plantão, as quais, como a princesa troiana, só fazem anunciar catástrofes, acredito que tudo vai indo bem com Antonina. Vai indo como uma canoa de tronco com uma vela de plástico preto, e não como o transatlântico dos nossos sonhos, mas vai. Antonina é uma das 93 melhores cidades do Paraná pelo IDH-m, num universo de 350 municípios. Isso já é muito. Antonina é uma canoa de tronco, e não um transatlântico, precisamos nos convencer disso.

Acredito que cabe ao Canduca, como chefe de uma equipe de governo, ser mais o capitão do time. Dar força a sua equipe, protegê-la das críticas e fazê-la trabalhar bem e com eficiência. Evitar que as fofocas cresçam e se espalhem como erva daninha, como a que há pouco cobria as ruas de nossa cidade com seu tapete verde-claro. Ao chefe cabe dar conta de sua equipe. Responder por ela, mostrar a que veio.

Cabe aos seus apoiadores um pouco de calma. Críticas existem e são comuns em qualquer democracia. Agir como tropa de choque, para evitar críticas, é uma prática bastante lamentável. Se as criticas forem vãs, vocês perderam seu tempo. Se forem acertadas, vocês se precipitaram. Deixem as coisas correrem mais calmas, que tudo se ajeita.

Aos que criticam, paciência. Roma não se fez num dia. Vinte anos de gestões municipais desastrosas não transformaram Antonina numa ruína, como querem alguns. Quinze dias de gestão não resolvem os 7300 dias dos últimos vinte anos. Alguns desacertos iniciais não significam necessariamente tudo-a-mesma-coisa, a repetição do antes.

Entretanto, isso nunca exime o exercício da crítica. Da crítica é boa e saudável. Criticar é difícil. Criticar é expor, é mostrar. É se mostrar, já ensinou meu pai. Quem critica também se mostra, se expõe. (por isso, alias, sou um exacerbado crítico do tal do “Justiceiro’). Por exemplo, o nepotismo que começa a se instalar na nova administração é um mau exemplo, que não deve continuar, e que deve ser revisto. Isso é um flanco exposto às justas reclamações do povo. Não dá pra tolerar.

Por outro lado, contra as tais Cassandras, acho que deve se evitar o quanto-pior-melhor. O pior é sempre contra a maioria, o melhor é sempre para poucos, já se sabe. Aplaudir os acertos e criticar os erros é o caminho do meio, o preferido por nove entre dez filósofos de plantão...


P.S. – Neuton, meu querido, vc somente repercutiu um post do blog do Reginaldo.

Um comentário:

  1. Neuton

    O Jefinho como sempre é brilhante nos seus comentarios, com certeza a nossa Antonina respira muito forte, falta muito pouco para completarmos a total harmonia, basta haver mais respeito entre os homens de bem da nossa cidade, que certamente chegaremos ao equilibrio necessario para nossa sobrevivencia
    hamoniosa e com um futuro bem melhor

    ResponderExcluir

COMENTÁRIOS SOMENTE COM CONTAS NO GOOGLE