CHORINHO, MATO ALTO E JUVENTUDE

Por: Jeffe Picanço

O tempo urge, e às vezes ruge. Ruge como o leão, com quem estou as voltas por estes dias, fazendo meu imposto. Querendo que ele me devolva ao menos um pouco do que me tirou ano passado. Briga boa. Estou num pique feroz de trabalho, tanto que nem sobra espaço pro blog, pra ver como anda minha terrinha. Como anda?

Pelo que estive vendo na Páscoa, vai bem e vai mal. Percebo, pelo que conversei com amigos e com o próprio Canduca, muita vontade de acertar, de fazer bem feito. O município zerou suas pendências com os organismos estaduais e federais. Hoje, muitas verbas desse tipo podem chegar a Antonina, coisa que até então não acontecia, devido a inadimplência da prefeitura com coisas burocráticas, mas fundamentais. Tendo uma boa visão do problema, uma visão de quem entende dos meandros da burocracia, Canduca conseguiu desnovelar esse nó.
É uma coisa boa, mas que não é prontamente perceptível pelas pessoas. Possivelmente, em médio e longo prazo veremos acontecer alguns programas estaduais e federais de saúde e transferência de renda. Mas é como a rede de esgoto, não dá voto.

Vi a agitação cultural da cidade, e a excelente festa feita pelo Rafael. Maravilhosa, nossa encenação da paixão (Antonina é paixão) não deve nada a outras paixões encenadas pelo Brasil afora. Nota dez..

Excelentes, também, as nossas manifestações de cultura. Maravilhoso o samba na fonte da carioca. Coisa que não se vê fácil por ai, e que mostra bem o dom artístico e a musicalidade de nossos irmãos bagrinhos. Lindo mesmo.

Por outro lado, se vê que a maior parte das coisas boas de nossa cidade está na mão de pessoa com mais de 40, 50 ou mais anos. Para alem do chorinho, se vê nossa juventude perdida em rancores – contra quem? – e raivosa, andando sem nada o que fazer pelas ruas sem opção melhor que essa. Triste, ver meninos e meninas nos quais poderíamos ver as futuras pessoas de bem da cidade no futuro, e afogadas no rancor e na droga, sem falar nas doenças sexualmente transmissíveis. É preciso urgentemente criar opções para estas crianças.

Talvez seja necessária uma ação conjunta das secretarias, esporte, cultura, educação. Alguma ação extraordinária, não sei ao certo o quê. Mas é preciso que os jovens antoninenses tenham direito a ações culturais do mesmo nível que os mais velhos. Não deve ser difícil pensar isso.

Da mesma forma, é preciso cortar o mato. Parece brincadeira, mas é sério. Se a nova gestão está pecando em alguma coisa, o pecado mais visível está crescendo pelas frinchas das pedras. Não é possível que não se tenha gente ou recurso para cortar o mato de nossos logradouros. É preciso, caro Canduca, desemperrar esta maquina pública, que você tem consciência de estar inchada, e fazer o pessoal se mexer e ir à rua. Preguiça, falta de autoridade? O que está faltando, afinal? É preciso mostrar que a cidade está de cara nova, e uma boa política seria uma ação de tolerância zero com o mato.

São 120 dias, ainda é preciso ter calma, é preciso esperar. Alguns resultados demoram. Mas algumas ações pra juventude e uma cidade com menos mato não seriam mal vindas. Calma nosso povo já tem. Mas ele tem algumas pressas. E as pressas são urgentes.