EU COMENTO - 22ª EDIÇÃO

Por Nerval Pedro Pires da Silva

Seis meses é tempo de sobra para se aferir o desempenho de uma administração pública municipal, vocês não acham? Ainda mais em se tratando de cidades de pequeno porte. Não sei quem foi que inventou esse período de gestação esdrúxulo com prazo pré-determinado de seis meses e coisa e tal – mas seja lá o que for não passa de uma manobra imponderável, recheada de artifícios para se precaver de ter que enfrentar acontecimentos indesejados imediatos. Nesse caso, prefere-se empurrar com a barriga para depois dos 180 dias, revogando dessa forma, quaisquer disposições em contrário - fazendo a moda do avestruz.

A experiência acumulada nesses quarenta anos de vivência política comprova que nos primeiros dias de um mandato prefeitural, já dá para dimensionar como serão “the after days” - os dias seguintes. Tomemos como exemplo o município de Antonina: foi assim com o Leopoldino; com Pereirinha; com a Munira, e por último com o Kleber.
Como se aquilatar o desempenho de um administrador à frente de uma prefeitura? São inúmeros os quesitos. O mais importante além do planejador, é a escolha dos seus homens que irão juntos acionar a máquina político-administrativa. Estes, sim, devem ser previamente selecionados e já comprovados, e, na falta de elementos que preencham os requisitos para compor o plantel, deve-se, todavia, buscar fora. Estes ao virem, que tragam consigo os avais de reais condições, e sobre tudo de idoneidade! Fora disso não há outra maneira exeqüível de se administrar - não importando qual seja o tamanho do município.

Geralmente quando isso ocorre – e, em se tratando de prefeitos mal intencionados, ao escolher seus secretários – a prescindir das pessoas comprovadamente capazes, sempre haverá de surgir naturalmente, nas cabeças mais inteligentes da população, algumas ilações que, na maioria das vezes acabam se convertendo em realidade, de que muitos prefeitos de uns tempos para cá optaram em prescindir de estes a preferir aqueles, que ao se enveredarem pelos porões escuros da administração, não o incomodem e nem tampouco o questionem, mas, simplesmente, colaborem com suas práticas delituosas, se locupletando, ou seja, na parceria, ou então fazendo vistas grossas e ouvidos moucos.

A imprensa brasileira está careca de veicular esses fatos contumazes que ocorrem nos governos; no congresso nacional; nas câmaras municipais, e numa quantidade enorme de prefeituras. O poder judiciário está assoberbado de lidar com esses crimes. E nós, essa minoria indignada de cidadãos brasileiros ignorados, estamos cheios de assistir estes vitupérios. Até quando? Não sei, mas chegará um dia que este povo estúpido, de tanto ser roubado e vilipendiado, ao sentir a água beirar a sua fuça, haverá de acordar da inércia em que se encontra, da falta de vergonha na cara, e, de pressinha de pressinha, correr a procura de líderes – forjados, é claro de dentro desta minoria a querer então dar um basta em tudo isso, e resolver por as coisas no lugar.

Estaremos completando já neste final de mês, seis meses de mandato do nosso burgo-novo-mestre, juntamente com o seu secretariado. Da nossa parte, temos a consciência tranqüila que cumprimos ao pé da letra o prazo que mandou o figurino, ninguém pode se queixar! Estaremos, pois, a partir de agora, oficialmente, inaugurando a temporada de análises, de críticas e “acertos”.
Espera-se, no entanto, que o burgo-novo venha a público, e numa atitude de desprendimento, de humildade, e acima de tudo de respeito ao povo que o elegeu, expor o que fez ou deixou de fazer; dando satisfações do que se pretendeu com os equívocos cometidos – e de certa forma inusitada, do porquê do esquecimento de tudo o que pregou em praça pública. Nós todos estamos esperando esse acontecimento, ou na câmara de vereadores ou através dos veículos de comunicação que se dispõe, não importa onde seja. Porém, não deixaremos de sublinhar omissão e nem falta de consideração por parte da administração púbica.

Por conseguinte, que venha o seu Márcio, seu Robson, seu Erly, seu Wallace, seu Dalton, seu Jairo, seu José Paulo, dona Vanda, dona Gleici, e alguns outros expor o que fizeram além dos ótimos salários que recebem em dia dos contribuintes.
Estaremos esperando pacientes, somos todos ouvidos. A final, temos ou não o direito de exigir?
Nerval Pedro é escritor e comentarista. (em 29.06.2009)