Por: Jeff Picanço
Na ultima sexta feira meu querido amigo Neutinho postou um texto muito interessante no Bacucu Com Farinha. Assinado pelo Sr. Edvaldo Martins, é um texto simples, mas vigoroso e bem escrito. O Sr Edvaldo reclama, com razão, do excesso de diagnósticos para poucas soluções nos problemas de nossa querida Capela.
Usa como exemplo a nossa laboriosa vizinha Morretes, onde as soluções são implantadas sem muita conversa, mas com muita propriedade. Nossa tendência ao bla-bla-blá vazio, sem a necessária prática, levado a efeito por pseudo-intelectuais e pessoa que adoram microfones e holofotes, seria a causa de nossa miséria visível e escancarada pelas ruas.
Como diria o famoso filósofo da ciência, Jack-o-estripador, vamos por partes.
Basta uma simples caminhada pelas ruas das duas cidades e as diferenças são marcantes: em Antonina há mais sujeira nas ruas, as casas em geral são feias, as fachadas nunca estão bem pintadas. As “paisagens notáveis” de Morretes estão sempre impecáveis. Em Antonina há sujeira, mato, obras inacabadas. Por quê?
Não saberia dizer ao certo, mas arrisco uma diferença cultural: as pessoas em Morretes cuidam mais do entorno de suas casas, o que facilita a vida do Poder Público. Em Antonina todos reclamam do prefeito, quando há coisas básicas a serem feitas também pelas pessoas, que tem que vestir a carapuça de sua preguiça e inércia. Assim, enquanto Morretes – que também tem lá seus problemas – apresenta um comportamento social positivo, em que todos ganham, Antonina vive a situação da casa onde não há pão: todos brigam e ninguém tem razão.
Outra questão interessante é a questão do blá-blá-blá dos pseudo-intelectuais. Antonina gerou muitos intelectuais de porte. Nas artes plásticas temos Eduardo Nascimento e Geraldo Leão. Temos Rafael Camargo no teatro. Escritores como Wilson Rio Apa. Tivemos trovadores e compositores como Bento Cego, Relen Salu Berght e Alecir, cantores como Marcelo Cecyn e tantos outros. Tivemos oradores sacros como o cônego Manuel Vicente. Tivemos historiadores do porte de Ermelino de Leão. Temos pesquisadores importantes como Enéas Rio Apa e muitos outros, que a memória agora não me ajuda.
Tivemos até mesmo um governador de estado antoninense, Caetano Munhoz da Rocha. Quantas cidades no Paraná e mesmo no Brasil podem citar tantos intelectuais? Antonina tem que se orgulhar de seus intelectuais e formar mais, mais e mais pessoas pensantes. Pensantes e atuantes, claro está.
Temos também intelectuais e ativistas como Eliane Boldrini, da ADEMADAN. Seu esforço para realizar a 4ª edição do Simpósio Nacional de Dragagens não é motivo de inveja e sim de orgulho. Com este evento, Antonina está – ainda – no mapa do Sistema Portuário brasileiro. Pesquisas importantes são apresentadas em nível nacional, políticas públicas e privadas são discutidas e traçadas. Apesar de restrito a especialistas, intelectuais ou não, é um dos eventos institucionais mais importantes da cidade. O Simpósio de Dragagens e o Festival de Inverno são, hoje, a cara de Antonina no Brasil.
A grande pergunta do senhor Edvaldo talvez seja: “como pode uma cidade com tantos talentos e tão pobre?” Sim, é uma pergunta incômoda e difícil de ser respondida. A resposta está no “Fazer Acontecer” que o senhor Edvaldo tão justamente pede: como fazer acontecer?
Parte da resposta está nos governos Federal, Estadual e Municipal, que precisam mostrar mais vontade de fazer acontecer. Usar as pesquisas apresentadas pelos intelectuais é uma forma sábia de melhorar. Ser mais técnicos e menos políticos. Outra parte da resposta está em nós, simples cidadãos. Enquanto deixamos o mato e a sujeira na porta de nossas casas, nós estamos fazendo nossa parte? Quantos de nós deixamos a formação moral e ética dos nossos filhos para a televisão e a escola? Quantos de nós já fomos numa reunião de pais e mestres pra discutir a educação dos filhos?
O Sr Edvaldo tem razão: o “Fazer Acontecer” não é um espetáculo pirotécnico para alguns aparecerem. A mudança, que culmina com um país melhor e mais justo, precisa começar dentro de nós e que, de nossas casas, transborde para a rua, a cidade, para o país. Quando o “Fazer Acontecer” começa, intenso e vulcânico, não tem quem o segure.
Olá Jeff.
ResponderExcluirLendo o seu texto me veio a cabeça um outro texto que li na internet a algum tempo que tem a ver com o que você escreveu.
Veja:
VOCÊ FAZ A DIFERENÇA?
Assim como há pessoas pobres e pessoas ricas, há países pobres e países ricos. Nem sempre os mais antigos são os mais prósperos, como se nota no exemplo da Índia e do Egito. Ao contrário, Austrália e Nova Zelândia, que a pouco mais de 150 anos eram quase desconhecidos, hoje são desenvolvidos e fortes.
A diferença também não está nos recursos naturais de que uma nação dispõe. O Japão tem um território muito pequeno, montanhoso, ruim para a agricultura e para a criação de gado, porém, é a segunda potência econômica mundial - uma imensa fábrica flutuante que recebe matérias-primas de todo o mundo, para transformá-las e exportá-las.
A Suíça não tem cacau, mas tem o melhor chocolate do mundo; em seus poucos quilômetros quadrados, cria ovelhas e consegue obter os produtos lácteos de melhor qualidade de toda a Europa.
O que então faz a diferença?
A ATITUDE das pessoas faz a diferença.
Ao estudar a conduta das pessoas nos países ricos, descobre-se que a maior parte da população cumpre as seguintes regras:
Um: a moral como princípio básico
Dois: a ordem e a limpeza
Três: a integridade
Quatro: a pontualidade
Cinco: a responsabilidade
Seis: o desejo de superação
Sete: o respeito às leis e aos regulamentos
Oito: o respeito pelo direito dos demais
Nove: amor ao trabalho
Dez: esforço pela economia e investimento
Necessitamos de mais leis? Não seria suficiente cumprir e cobrar o cumprimento dessas dez regras simples?
Se esperarmos que o governo solucione os nossos problemas, ficaremos toda a vida esperando...
Mesmo porque o governo somos nós.