sexta-feira, agosto 14

Marco histórico, usina de Antonina pode ir a leilão...


Concessão da hidrelétrica Parigot de Souza – que já foi a maior do Sul do país – vence em 2015. Copel promete lutar para continuar com ela

Publicado na Gazeta do Povo em 12/07/2009 Fernando Jasper
Em meados da próxima década, as geradoras de energia estatais vão encarar a penosa tarefa de disputar o controle de suas próprias hidrelétricas. A partir de 2015, chegam ao fim as concessões de várias usinas que, conforme a legislação, terão de ser novamente licitadas pelo governo federal. Mas, ao contrário de boa parte do setor, a Companhia Paranaense de Energia (Copel) tem situação das mais confortáveis. Os novos contratos das três maiores hidrelétricas da empresa vencem somente a partir de 2023. Com isso, ela já assegurou a posse de 4,2 mil megawatts (MW), pouco mais de 90% da potência de seu parque gerador.

No entanto, ainda resta a missão de brigar pelo comando de uma usina que, mesmo não sendo imponente como as grandes do Rio Iguaçu, é tratada como uma joia rara pela companhia – um tesouro “escondido” no meio das rochas, centenas de metros abaixo do pé da Serra do Mar. Trata-se da Usina Hidrelétrica Governador Pedro Viriato Parigot de Souza, central subterrânea instalada a 30 quilômetros do centro de Antonina, no litoral do estado. Seu contrato vence em 2015 e, em tese, não pode mais ser renovado.

“Se ela realmente for a leilão, vamos nos habilitar e lutar para não perdê-la. Não tanto por seu tamanho ou sua produção, mas por seu valor histórico”, diz o presidente da empresa, Rubens Ghilardi. “Ela faz parte da memória da Copel.”

Xodó

A primeira explicação para o carinho que os “copelianos” nutrem pela hidrelétrica está no nome – uma homenagem ao engenheiro que, à frente da empresa durante toda a década de 60 e do governo estadual entre 1971 e 1973, teve papel fundamental na consolidação da infraestrutura do Paraná.

Também conhecida como Capivari-Cachoeira, a usina era a maior da Região Sul quando inaugurada, em 1971, e representou um passo decisivo para a emancipação energética do estado. Com 260 MW de potência – o suficiente para abastecer uma cidade com quase 800 mil habitantes –, a hidrelétrica foi a principal da Copel até 1980, quando entrou em operação a de Foz do Areia (1.676 MW), no Iguaçu.

A maior peculiaridade da usina está em sua engenharia. O projeto aproveitou o desnível de 754 metros entre o reservatório do Rio Capivari, em Campina Grande do Sul (região metropolitana de Curitiba), e o Rio Cachoeira, em Antonina. Poucas usinas no mundo dispõem de uma queda d’água tão grande.

Diferentemente das hidrelétricas convencionais, de superfície, na Parigot de Souza há uma grande distância entre a barragem e a casa de força. A água captada no Capivari percorre os 15 quilômetros de um canal escavado no maciço rochoso da Serra do Mar, “despencando” no trecho final do duto e chegando às quatro turbinas à velocidade de 426 quilômetros por hora.

“Uma turbina nossa é um ‘chaveirinho’ perto de uma do Rio Iguaçu. A diferença principal é que aqui o gerador é movido mais por pressão e velocidade do que por volume de água. A turbina gira a 514 rotações por minuto, enquanto em Foz do Areia são pouco mais de 100 rotações”, explica Rogério Ayres Fortes, supervisor do apoio técnico da usina.

Clausura

Maior central geradora subterrânea do Sul do país, Parigot de Souza é quente – não há inverno que faça sua temperatura cair abaixo de 25 graus Celsius – e, claro, proibida para claustrofóbicos. Aliás, é pouco provável que um deles consiga passar pelo túnel de acesso à usina, que tem um quilômetro de extensão morro adentro. “A iluminação é especial, imita a de ambientes externos, para reduzir a sensação de clausura”, conta Fortes. “Mesmo assim, tem gente que, assim que chega ao interior da usina, pede para sair.”
(Colaboração do meu amigo: Odilon Macedo Junior)

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