terça-feira, novembro 3

SONHANDO NO VALE…

Jeffe Por: Jeff Picanço

Estive mais de mês sem escrever minhas crônicas aqui pro bacucu com farinha. Foi um período de intenso trabalho, e que requeria minha quase integral dedicação. Como devem saber, estou coordenando alguns trabalhos de geotecnia de um trecho do poliduto Campinas-Rio, entre Atibaia e Taubaté, no estado de São Paulo. Com essa carga toda de trabalho, estou em falta não só com os bacucunautas, mas com meus familiares também. Mas é um desafio, e desafios são feitos pra serem enfrentados e vencidos, então vamos lá.

Estou conhecendo o Vale do Paraíba e a região de serras entre Atibaia e São José dos Campos. Uma região muito rica, cheia de industrias e de centros de alta tecnologia. Não é a toa que aqui em São José dos campos, onde me acho hoje, estão a Petrobras, a Embraer, o Ita, o INPE e tantos outros. Em frente ao nosso escritório tem a montadora da GM. São José é uma cidade absolutamente moderna, com suas avenidas pontes e viadutos de dar inveja a muita cidade que se diz de primeiro mundo.
Aqui você vê tudo em obras, como se estivesse começando hoje. É a tal da modernidade que nos falava o ensaísta Marshall Bermann, em seu livro “tudo o que é solido se desmancha no ar”. É a cidade de desfazendo e se refazendo continuamente, montando e remontando suas estruturas. Sem medo de desfazer, sem medo de fazer.

É tudo ao mesmo tempo triste e emocionante, como se estivéssemos numa perpétua vertigem. A cada dia, ao pegar a via Dutra pra ir pro trabalho, tudo parece estar a 110 por hora. O futuro chegando velozmente, e nós, pobres, sem ter tempo nem pra nos acomodar no banco de trás do trem de alta velocidade. Dá uma saudade de tomar uma cerveja na feira mar, de pedir socorro no mirante da pedra...
Ao mesmo tempo, o vale se orgulha de seu passado. Um passado feito de bandeirantes, de plantações de café, de fábricas. Um passado que tem Monteiro Lobato, uma emblemática figura nascida no vale, e que fez de seu retrato do caipira do inicio do século a genial caricatura do Jeca Tatu.

Um vale que é feito também de pequenas cidades, de ruas estreitas e gente amiga, que gosta de uma festa e uma cachaça. Cidades como Caçapava, muito bonita com suas ruas estreitas e casas velhas, que em alguns momentos lembra Morretes.

Claro que tudo isso tem seu custo, suas mazelas. A violência nas vilas operarias é uma constante. O envolvimento da juventude com o trafico de drogas é alto, vejo aqui em frente ao escritório uma boca de-fumo freqüentada por adolescentes de classe media, coisa de dar dó. Por outro lado, a sujeira e o lixo, fora das áreas centrais e seus shoppings maravilhosos, não é coisa que se apresente pra turista. Existe muito rio e riacho transformado em esgoto, existe muita área urbana invadida e feia, como tantas em São Paulo. Dizem que é o preço do progresso, mas eu discordo: dá pra evitar. Com planejamento e vontade de fazer, da pra fazer dessa área urbana um lugar mais bonito e mais prazeiroso para os seus moradores.

Enfim, o Vale do Paraíba é um lugar intenso, em todos os sentidos. Ë um lugar de alta tcnologia e de muita produção industrial. No entanto, se nota pelas ruas o quanto eles se gostam, eles promovem os filhos do vale. É um lugar que respira progresso, mas tem orgulho de suas raízes...não é isso o que nós, bagrinhos, sonhamos acordados faz quarenta e tantos anos?

Um comentário:

  1. Meu caro Dr. Geólogo Jeffe.
    Precisamos de uma consulta profissional do amigo a respeito de uma jazida de minério existente em nosso município. Existe o direito assegurado de lavra de uma empresa aqui do Paraná e esta tem a intenção de explorá-la, seria a redenção de Antonina tanto comercial quanto portuária. Mas para tal tem de haver envolvimento da população, antes de tudo isso acontecer precisamos ouvir a opinião de um "expert" no assunto, nesse caso voce meu amigo.

    ResponderExcluir

COMENTÁRIOS SOMENTE COM CONTAS NO GOOGLE