SINDROME DE VIRA LATA...

 

Os avanços da medicina em nosso tempo são uma conquista notável. Prova disso è a erradicação de muitas doenças, o aumento da longevidade e aumento de bem-estar das pessoas. Vivemos, embora com grandes desigualdades sociais, um tempo de grande conforto material e muita abundancia de alimentos. Talvez como nunca na história da humanidade.

Entretanto, vez por outra, os médicos, no seu esforço de erradicar doenças, inventam outras ainda. Se você está com problemas intestinais com muita freqüência, eles tascam uma “síndrome do intestino irritável”. Se você esta destento, lá vem uma “síndrome da falta de atenção”. E por aí vai.

Algumas outras síndromes ainda surgem por licenças poéticas. Nos anos 50, Nelson Rodrigues denominou de “Síndrome de Vira Lata” os momentos em que nossos futebolistas amarelavam em momentos importantes, viravam cachorrinhos medrosos frente aos adversários. Dos nossos futebolistas, a expressão rodrigueana virou um óbvio ululante da nossa maneira pequena e provinciana de se comportar frente ao mundo.

Daí que concordo com o bom comentário, infelizmente anônimo, ao texto da semana passada, que definiu a Síndrome de Vira-Lata Capelista, ao menos parcialmente. Venho dizendo isso há tempos, aqui no Bacucu. Antonina não é a cidade de primeira categoria que todos sonhamos. Mas também não é a última.

Às vezes o tom das criticas vai subindo, subindo, subindo... Chega a um ponto em que Antonina parece ser um inferno, uma terra boa, mas judiada por gente má e sem escrúpulos, Antonina é o fundo do poço, não tem mais jeito.

Antonina tem coisas boas? É  obvio que tem. No entanto, cantar as belezas e vantagens da terra de Valle Porto de maneira acrítica, onde Antonina seria o paraíso na terra, um retrato de aquarela das belezas do Brasil, seria também acertado? Menos, menos... 

Se a critica infundada e estéril ocorre às vezes, não significa que o seu contrario, a crônica acritica e bajulatória,  seja um modelo de verdade.

Parte dessa percepção de que Antonina vai mal é verdadeira, e vem da contínua estagnação econômica que a cidade vem passando desde a segunda metade do século vinte. Desemprego, falta de perspectivas, frustração. Um círculo vicioso danado. Vem, por outro lado, que Antonina não teve bons governos neste período. Houve prefeitos abaixo da critica, num pântano em que ninguém se sobressaiu. Tudo isso é verdade.

A cidade perdeu também representatividade política. Uma cidade que teve deputados e mesmo um governador de estado, hoje convive com uma indigência muito grande em termos de homens públicos, com as exceções de praxe.

No entanto, mesmo a duras penas, Antonina vive, sobrevive e vai pra frente. Fazemos o nosso carnaval no peito e na raça, às vezes mesmo contra a vontade do poder público, como era nas gestões de Munira. Tivemos alguns momentos de melhora na situação econômica no início do século, com o Terminal Frigorífico. Nosso turismo engatinha, faltam profissionais, mas vai se levantando. Temos o Festival de Inverno, este ano fazendo vinte anos, é um dos pontos mais altos da cultura de nosso estado. Não, Antonina não é o fim do mundo. Mas, claro, pode ser melhor, e muito melhor.

Não podemos ter nem a Síndrome de Vira Lata nem a Síndrome de Polyana, a tal guria que vivia fazendo o jogo do contente. Os blogs são ruins, vivem falando mal da cidade? Pior é não ter blog nenhum...