PÃO E PÃES, QUESTÃO DE OPINIÃES...

Por: Jeff Picanço

Na minha casa, sempre se discutiu e se discute política. Na mocidade, participei de política, e sempre me alinhei com as causas de esquerda. Nesta situação, cheguei a ser diretor da UPE, União Paranaense dos Estudantes, em 83-84. No meu curso, fui presidente do Centro Acadêmico, sempre metido em greves e discussões, sempre brigando pelos direitos dos estudantes. Em 84-85 participamos de duas ou três greves de peso, lutando por mais condições de ensino, pela participação dos estudantes nas escolhas universitárias, e outras lutas. Também sofri na pele as conseqüências pelas minhas opiniões, como perseguições em bancas de concursos públicos e ser preterido em empregos e coisas do gênero.

Com o tempo e a distância, revi muitas posições daquela época. Hoje, penso e ajo diferente. Era outra época, outro tempo, outra forma de pensar e agir. Mas tudo aquilo fez parte de minha formação, e não renego meu passado. Como diz a música, não me arrependo de nada. Procuro, no entanto, equilibrar coerência e justiça em minhas ações, mas sempre respeitando a opinião dos outros.

Isso tudo não quer dizer que opiniões não possam ser discutidas, comentadas ou criticadas. Sou liberal no sentido em que respeito às opiniões dos outros, mesmo que não concorde com elas. Quem tem opinião, no entanto, tem que ser responsável. (Por isso mesmo, eu acho terrível ficar discutindo com gente anônima, que não se responsabiliza por nada do que escreve...).

Não gosto da Dilma Roussef pelo que ela tem de autoritária e mandona. Como participante da fundação do PT nos anos 80, fui militante entusiasmado. Apesar do Lula não ter sido um mau presidente no atacado, acho que no varejo da ética deixou muito a desejar. Não me identifico com o PT de hoje. Também não gosto do Serra e da arrogância dos tucanos. Parece que sempre sabem tudo, são autoritários e tratam tudo como rolo compressor, como vi, nos anos 90, em São Paulo, o governo Covas arrasar com o IPT, uma das glórias da engenharia nacional, transformado num mero departamento dos amigos.

Gosto muito menos ainda dos fascistas como Jair Bolsonaro. Gente como ele foi responsável por inúmeros crimes no passado recente de nosso país, crimes ainda por serem apurados. Gente que rasgou as leis e as escreveram conforme sua conveniência, que romperam as normas da convivência democrática, que perseguiu – e matou!! - pessoas que tinham opinião diferente.

Houve quem dissesse que eu “censurei” o Reginaldo, por causa de um comentário que postei em seu blog. Não é do meu feitio censurar ninguém, não tenho poderes pra tanto e o Reginaldo é bem grandinho pra saber o que faz. No entanto, eu disse a ele que postar opinião do deputado Jair Bolsonaro é infeliz. A crítica tosca que Bolsonaro faz não melhora o debate, não propõe soluções e não conduz a consenso nenhum, só a um bate-boca estéril e pernicioso. No mínimo, é uma perigosa perda de tempo...

Erramos muito ao longo do século XX pela nossa arrogância e intolerância. Milhões de pessoas morreram no mundo, à direita e à esquerda, por opiniões diferentes. Será que vamos continuar errando? A melhor forma de insistir no erro é trocar o debate pelo bate-boca...

Se temos opinião e estamos na política, em qualquer nível, temos que nos espelhar no melhor, no maior. O Brasil é candidato a potência mundial. Que potência queremos ser? O que ainda nos falta – e muito – para fazer por nosso povo? O que podemos fazer pela paz e pelo entendimento das nações?