Eu tinha uns seis anos de idade quando meu pai me trouxe uma bandeira rubro-negra. Lá fora, na rua, um barulhão danado: “É campeão! É campeão!”. Não tive dúvida: sou Atlético. Isso foi o ano de 1970.
Nas festas de agosto, vinha sempre um time do Atlético, A ou B, pra jogar contra um combinado antoninense. Era uma festa o estádio do 29 de Maio. Os atleticanos vendo seus ídolos, os coxas secando, o time local se esforçando pra fazer bonito frente aos “profissionais”. Lembro duma vez em que peguei autógrafos de uma porção de gente, alguns que até se destacariam usando o sagrado manto rubro-negro durante os anos 70, como Alfredo, Di, o goleiro Picasso, e outros.
Mas, desgraçadamente, só fui berrar o meu grito de “É campeão!” somente doze anos depois, já com dezoito anos. Os anos 70 foram anos tristes, de derrotas, derrotas, derrotas. Os coxas iam acumulando um dois, três, e a gente ali, na fila. Nem gosto de lembrar. Certa vez, apareceu um cara em minha casa, um jardineiro, que se identificou como o Everton, que marcou o gol do Maringá contra o Coritiba na final de 77. Ficou meu amigo, até ajudei nas despesas de supermercado dele, tão agradecido fiquei. Já falei dele aqui no blog, ele foi um daqueles anjos decaídos que o mundo do futebol gera com freqüência.
Lembro também daquela maldita decisão de 78, que perdemos nos pênaltis...
Mas aprendi que as derrotas são necessárias. Nós atleticanos viramos aquele bicho ruim, que apanha apanha e está ali, firme, incentivando o seu time. Guerreiro é o que se diria hoje. Sofremos porque amamos, ou amamos porque sofremos?
Foi uma mera coincidência, mas com o fim da Ditadura, vieram as vitórias. Mas era tudo muito frouxo e desorganizado, tivemos que chegar novamente ao fundo do poço em 1995. Com a reorganização do time no fim dos anos 90, foi o Coxa é que foi para o papel de vira-lata. Passaram dez anos sem título, nunca mais tinham ganhado nada em cima da gente, até foram pra o inferno uma, duas vezes.
Na primeira metade da década o Atlético virou time nacional: campeão brasileiro, vice-campeão, três Libertadores, um vice-campeonato da Libertadores. Ficamos nos achando. Dormimos em cima dos louros. Agora, voltamos de novo ao patamar da viralatice. Dá um espaço ai, pessoal do Coxa e do Paraná! Hoje freqüentamos todos juntos os noticiários com as mortes e tiroteios e ônibus depredados após os jogos. Desde o ano passado, o futebol paranaense foi pra lata do lixo com as atitudes de uma minoria de facínoras e psicopatas após os jogos. Nem dá pra ir a campo direito.
Mas este ano, por algum motivo, voltei a me sentir triste e desamparado com o futebol, da mesma forma que me senti na minha infância. Perdemos a final. Pois é, o que fazer? Parabéns ao Coritiba pelo Campeonato Paranaense deste ano e muita força na Segundona. Vão precisar. Nossa força neste Brasileirão, com esse time que está aí, é pra não fazer companhia pra vocês no ano que vem. Estamos preparados, nosso couro está curtido. Como Antoninense e Atleticano, apanho, apanho, mas não desisto: Furacão Eô! Atlético-oô!
Jeffinho.
ResponderExcluirSem tristeza, por favor, veja pelo outro lado esse foi o último atlétiba do ano, foi o último jogo do coxa com um time da primeira divisão. O nosso Atlético está em formação, precisa melhorar sem dúvida, a disputa do campeonato nacional está aí. Repare que nos últimos jogos tivemos a volta do Alex Mineiro logo logo teremos o Claiton, o "velhinho" Paulo Baier tá jogando um bolão, o Rodolfo vai ser o melhor zagueiro do nacional, Alan "paradinha" Bahia o melhor cobrador de penaltis, Neto goleiro com certeza brilhará. Pense nisso, sem tristezas, hoje é quinta-feira tem muita gente que não lembra mais quem foi o campeão paranaense. Ah! Tava me esquecendo, o Marcelinho Paraíba quer vir jogar no Atlético... pode isso!!!
Abração.
Mauricio Scarante