Ouvi estes tempos uma boa definição: abril era o mês da verdade, porque começava no dia da mentira e terminava no dia do trabalho. Abril também era, como seu nome mesmo diz, o primeiro mês do calendário romano. Para nós brasileiros, começa um pouco antes: fevereiro ou março, dependendo da data do carnaval.
Nestes últimos dias de abril, uma polêmica esteve no ar – e na blogosfera – de nossa querida Deitada-a-beira-do-mar. Numerosas notícias nos blogs informavam que, apoiada por um grupo de vereadores e também por algumas associações, uma procuração estava sendo passada entre a população para entrar com ações individuais contra a COPEL, por conta do impacto ambiental provocado pela usina Governador Parigot de Souza. Ação individual contra uma causa de direitos difusos? Pareceu digno de piada, como no Festival de Besteiras que Assola o País (FEBEAPÁ), criado pelo genial Stanislau Ponte Preta nos anos 60. Hoje em dia, figurariam nas histórias do País da Piada Pronta, do Macaco Simão, da Folha de São Paulo.
Felizmente, foi tudo muito bem e categoricamente explicado com a carta aberta do Fórum Permanente de Saneamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável (FPSD – ô sigla!), publicada aqui no Bacucu Com Farinha e no blog do Bó. Segundo um post recente neste ultimo blog (http://palavradobo.blogspot.com/2010/04/em-tempo.html), os vereadores da casa lavaram as mãos...ninguém tinha nada a ver com isso. Ok, tudo parece estar resolvido. Será?
É claro que não se pode culpar a Câmara como instituição, como se defenderam os vereadores, mas tinha ou não tinha vereador envolvido nesta (triste) jogada?
As denúncias veiculadas pela Ademadan dão conta de uma realidade: sim, existe um problema no assoreamento da baia, mas não é um problema simples, e, como toda verdade científica, tem que ser comprovado. Isso demanda certo tempo, demanda trabalho, demanda verificação de resultados. É assim que trabalha a ciência.
O tempo da política é outro. É o tempo da negociação, da decisão, mas também o tempo de resultados práticos. Afinal, o político depende do voto popular, este sim, sempre apressado e exigente. O povo quer e, se não for atendido, como qualquer patrão, nas próximas eleições coloca o político na rua. Simples assim.
O tempo da ciência e o tempo da política, no entanto, têm que estar sincronizados. Se os políticos querem uma coisa antes do tempo certo, podem acabar matando uma galinha de ovos de ouro para a cidade, como muito justamente afirmou a carta do FPSD. Por outro lado, têm que ser verificadas as formas de entrar com esse tipo de ação pra não se fazer a coisa errada. As pessoas que tomaram esta iniciativa da procuração com certeza estão acostumadas a outros tipos de causa, com outros métodos. Deu no que deu.
Eduardo Bó está coberto de razão – mais uma vez - quando faz o elogio dos vereadores que estão procurando “resgatar a credibilidade” do legislativo municipal perante a população. Não só em Antonina, mas no Paraná (veja-se a atual crise da assembléia legislativa e a “operação ectoplasma”) é preciso que os nossos representantes façam o mínimo que deles se exige: ter ética e respeito às leis e a democracia. Exemplo se dá em casa.
Uma perguntinha: Quem faz parte desse tal FPSD?
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