quinta-feira, maio 10

EM DEFESA DE EDUARDO BÓ


Por: Jeff Picanço

Vivemos tempos extraordinários. A internet e as novas tecnologias da informação nos tornam mais conectados, numa proporção, desculpem a frase, nunca antes vista na história da humanidade. No entanto, importantes teóricos da rede são unânimes em apontar, em paralelo com os benefícios dessa interconectividade toda, a presença de alguns problemas graves. Um deles, que gostaria de comentar aqui, diz respeito ao anonimato.
O anonimato está presentes na blogosfera capelista em grau muito intenso e importante. Um deles diz respeito às carradas de comentários anônimos que pululam na nossa comunidade. Em certo ponto, pode ser até bem vindo. É muito ruim quando isso toma o comportamento de turba. No entanto, o que não se pode mesmo tolerar é a brincadeira  passar do ponto e descambar para a injuria, a difamação e a calunia.

Vi, desde a semana passada, diversos comentários postados anonimamente em vários blogs importantes e respeitáveis da cidade questionando a prestação de contas do livro “Antonina – 35 anos de cumplicidade”, de nosso querido Eduardo Bó. Antes de tudo, quero dizer não tenho procuração para defendê-lo, embora me considere seu amigo. Nesta tarefa não estou sozinho, pois vários bloguistas já se manifestaram a respeito do assunto de maneira bastante contundente. Se também o faço, é porque vejo nessa atitude covarde de alguns uma tentativa de atingi-lo no que uma pessoa tem de mais sagrado, que é sua honra.

Eduardo Bó pode ter todos os defeitos do mundo, mas é uma pessoa honrada. Poucas pessoas vivas fizeram tanto pela sua, pela nossa Antonina, mais do que ele. Seu trabalho como fotografo, bloguista e com idealizador do Festival de Inverno falam por si. Poucos bagrinhos são referência como Eduardo Bó. 

Prefeitos, vereadores, políticos, fofoqueiros de esquina passam. A obra de Eduardo, como representação do que é a Deitada-a-beira-do-mar nos últimos 40 anos, o seu incansável trabalho de documentarista de nossa cidade e de seus habitantes permanece. Essa é a importância a de sua obra toda, a que vem a se somar mais esse livro.

Um livro que não foi produto de um conchavo de bastidores, de negociata, mais foi sendo amorosamente gerado ano após ano, na avenida do samba, retratando o que ele mais gosta de retratar – a gente de Antonina. Um livro esse que foi financiado por uma lei de fomento, qual o problema? Ao contrário dos artistas nacionalmente consagrados que alguns protestaram recentemente, Eduardo teve que ralar atrás de empresários o patrocínio a que tinha direito, um patrocínio, aliás, oriundo de renúncia fiscal do governo. Não é fácil para um artista, e ainda um artista bagrinho, vencer as resistências de empresa após empresa, até conseguir o total para financiar o livro. Eduardo lutou e conseguiu. Qual o problema com isso?

Eduardo Bó não é um homem rico. Tem suas posses, cuida de sua vida, paga seus impostos. Esse livro não vai fazê-lo mais rico. Sua riqueza vem de sua arte, do seu talento, uma coisa tão desproporcionalmente repartida que faz da pessoa talentosa um devedor nato. Sim, quem tem talento tem o dever de reparti-lo com todos os demais. E isso Eduardo vem fazendo com sua arte em doses generosas já lá se vai quase um vida inteira.

Qual seria o desígnio destas pessoas, acoitadas no mais vil anonimato, desmerecer, lançar duvidas ou tentar jogar lama no sucesso alheio? Meu amigo, vá trabalhar, vá fazer algo de útil para si, sua família ou sua cidade. É preciso acabar com essa autofagia perniciosa, que nos enterra politica e economicamente há quase meio século. É preciso circunscrever esses covardes no seu sujo covil, no antro de suas perversidades, ou eles tomam conta de tudo. Tomam conta da blogosfera, tomam conta da cidade e, pior, tomam conta de nossa alma, de nosso espírito. Como construir a cidade que todos queremos com o espírito roído por essa inveja mesquinha e imunda, por essa autofagia porca e rasteira?

Não foi pra isso que Valle Porto fundou essa cidade.

6 comentários:

  1. Em defesa dos anônimos e pseudônimos.


    Nada é tão admirável em política **e na vida privada quanto uma memória curta. – John Galbraith (acresentado por eu(sic) )

    Serei prolixo, mas é necessário. Quem não tiver paciência, tudo bem, têm “chats” e redes sociais por ai sobrando.
    (Sei que muitos me odiarão, por questionar e refletir sobre os meus até então preferidos e outros participantes do cotidiano da "deitada a beira do mar", mas sou contra "mitificação" de preferidos por torcidas, que não querem enxergar neles defeitos, só virtudes).

    O "elefante branco" está no meio da sala. Cuidado para ele não sentar em você. Como em muitos ele já sentou.

    Noto nesse texto uma certa tentação de responder a um questionamento que não foi feito por ninguém. Sem dúvida, há clareza! Sem dúvida, há convicção! Quem sugeriu dos anônimos que o referenciado acima foi desonesto em seu projeto - tanto não foi que suas contas foram aprovadas pelo MINC - é dado a situação aos internautas de que só os que põem o seu verdadeiro nome em comentários são os "dono da verdade", anônimos e pseudônimos são “gado” que não pensam, não têm autocrítica, que não sabem como é o comportamento social em rodas de conversa do referenciado, será que o referenciado nessas rodas de conversa não destruiu , diversas reputações? Mas hão de dizer que ele luta pelas "causas antoninenses"? Tenho minhas dúvidas. Para mim é um ególatra, só participa de alguma ação no coletivo quando não há participação da plebe rude, mas quando têm os maganos, lá esta ele pronto para dar as sua opiniões, para quê? Para sair bem na foto e aumentar a sua credibilidade ou o seu portofólio de marquetingue interpessoal, mas só com a ETILE - ler Darci Ribeiro -.

    Poucos perceberão que, juntando-se esse texto, tem-se um mimo do pensamento autoritário. Cria-se, quando menos, uma correlação entre virtude e vício , quem tem virtude é honesto e quem têm vício é desonesto — se é que não se tenta estabelecer uma relação de causa e efeito mesmo. E aí está o velho problema! Quem "sabe" mais, manda, quem "sabe" menos obedece. E seus esbirros a protegê-lo, agora em sã consciência sem entrar no mérito do certo ou errado, apenas para a reflexão de cada internauta, para quem agrega conhecimento essa obra "intelectual" que teve R$ 117,810 de autorização pelo MINC para ser captada na iniciativa privada - com isenção de IR ou remissão fiscal, ou seja, sendo dinheiro - para produzir 1000 fotolivro, eu deixo essa pergunta no ar. Que lógica torta é essa desses esbirros?

    No entanto, ultimamente, temos sido bombardeados, de um lado, pelos apelos de ética na política, no trabalho, na escola e, do outro por uma série de posturas e mensagens que invalidam esses mesmos apelos. É claro que a Internet não deixa de ser um tremendo canal para esses bombardeios, tanto de um lado como de outro.Com isso eu acabei descobrindo mais um ponto de relativização da ética, a saber, ética sempre é muito bom desde que praticada pelos outros a meu favor.
    Poderia desfiar uma série de outras posturas bastantes éticas como sonegar impostos, distorcer leis da forma que convém a cada um, subornar guardas de trânsito e fiscais, mentir para evitar encontros ou telefonemas indesejados, mas deixo a cada um a escolha da sua própria ética, ou melhor, a ética que cada gostaria que os outros praticassem desde que não fossem obrigados a agir da mesma forma.

    Ao final das contas, assim como pimenta, ética, nos olhos dos outros, é refresco

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  2. "A verdadeira coragem está em fazermos sem testemunha o que seríamos capazes de fazer diante de todo mundo".
    François La Rochefoucauld

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  3. disse tudo, Neutinho!!
    Tenho entretanto algumas considerações ao "Curioso do banco do pau mole":

    Acho muito interessante surgir um “Defensor dos anônimos e pseudônimos”, como se de defensores estes precisassem. Quero dizer, e creio ter dito no meu texto, que comentários anônimos, como o seu, podem ser bem vindos. Hoje inclusive a blogosfera capelista está bem mais civilizada do que há quatro anos, quando tínhamos até “justiceiros” querendo arrasar reputações pela internet com um simples clique. Não sei como resolver isso, o problema de comentários anônimos na internet. É um problema global. O ruim é quando isso resvala para a calúnia, para a difamação. Como se confrontar, caro Curioso, com um caluniador que não se mostra?
    Não disse em nenhum momento que EB seja uma pessoa que só tenha virtudes. Defeitos maiores ou menores eu também os tenho, assim como você, Curioso. Quem põe seu nome em comentários não é dono da verdade, mas sim está se arriscando, até judicialmente, pelas ideias que expõe. Essa é uma vantagem moral do identificado para o anônimo. Esse seu arrazoado é até razoável, mas perde em credibilidade porque o dono não se assina. Você pode ser o maior craque da dialética, mas se não se arrisca pelas suas verdades você perde pontos sim. Não estamos no Irã ou na Coreia do Norte onde alguém pode ser preso ou morto por suas ideias. Portanto você não precisa ter medo de se expor, se tiver essa coragem. Não estamos mais na Antonina de outras eras, onde a politica era exercida no chicote. Ou estamos?
    E sem essa de pensamento autoritário, de manda quem sabe e outras baboseiras. Se você quiser discutir qualquer tema, abertamente e sem preconceitos, estamos por aqui. Na real tenho muito menos verdades que dúvidas, muito mais indagações que respostas.
    O que não compactuo é com linchamentos. Os linchamentos virtuais, como os reais, são feitos por turbas, em geral anônimas, dominadas por instintos baixos e que tendem a fazer tábua rasa de princípios básicos de ética e civilidade. É contra esse instinto do linchamento, do “vou dar só um pontapé” que me tira do sério.
    Você veio com o dito, aliás muito engraçado: ética, nos olhos dos outros, é refresco. Mas, como diria outro ditado das antigas: o que arde cura.

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  4. "Nenhum homem merece uma confiança ilimitada - na melhor das hipóteses, a sua traição espera uma tentação suficiente." (H. L. Mencken)

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  5. Newton, execelente esse debate entre o Curioso X Jeff, vamos dar um desconto ao Jeff pois ele está afastado de Antonina há tempos, enquanto isso o mundo gira e a lusitana(o) roda. Mas o que eu gostei foi a humildade do defendido vir até aqui no seu ambiente, que jamais apareceu aqui, com uma humildade de frade de mosteiro, oferecendo-se até para fazer projetos. Incrível, fantástico é o Show da Vida, como um simples questionamento sobre o valor(sic) de uma obra intelectual, e não o questionamento de caráter do autor da obra, nos rendeu tanto aprendizado sobre como a natureza humana é dinâmica quando se sente acuada.

    Mas, uma vez Newton, Curioso e Jeff e até o EB por essa aula de virtude e vícios e de qualidades e defeitos do ser. Parabéns a todso!!!

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