EU COMENTO - 16ª EDIÇÃO

Além desses problemas todos comentados com muita prioridade aqui no Bacucu com Farinha, com referência ao carnaval das escolas de samba, há outro que não foi mencionado, o qual se reputa de suma importância, não obstante, vir se arrastando de carnaval em carnaval, sem que ninguém tome as providências que o caso requer.

Muito embora os moradores, especialmente aqueles concentrados mais próximos ao palco, vir a muito alertando as autoridades e promotores do evento dos bailes de carnaval de rua – nenhuma medida teria sido tomada para aplacar a falta de sensibilidade e respeito com os direitos da pessoa humana postergados aqui nesse evento - isto serve também para o Festival de Inverno promovido pela UFPR, senão vejamos:

Esse sistema de som empregado nesses eventos é absolutamente questionável e/ou impróprio para o local. Isso requereria a presença obrigatória de um engenheiro especializado para o ajuste som/ambiente, juntamente com um fiscal do IMETRO ou afins, para aferição das enormes toneladas de barulhos poluidores jogados e concentrados na avenida devido à enorme acústica propiciada pelo próprio ambiente.

O que tornar-se-ia uma festa esperada com prazer e emoção pelos moradores e comerciantes deste local, passou a se constituir num verdadeiro pesadelo. Vive-se estressado durante os oito dias do calendário. Só os médicos podem aquilatar o mal que isso causa ao espírito e ao organismo dessas pessoas que muitas vezes são obrigadas a ouvir o que os seus ouvidos repelem.

Ajuntem-se a isso as péssimas qualidades tanto dessas bandas que proliferam por aí, como dos seus repertórios musicais. Mesmo como ex-músico, carteirado da Ordem dos Músicos do Brasil, contra-baixista de orquestra que fui, dos tempos de ouro de nossa música popular - portanto não muito leigo no assunto, né Leôncio Storach e o Chiquinho da funerária? Posso falar de cadeirinha que não cabe na cabeça de um ser racional microfonizar surdo de bateria e elevar em últimos graus de decibéis o som do contrabaixo.

Sabemos, por conhecimento de causa, que fazem isso mais para encobrir as suas próprias deficiências, no que concerne a talentos, e não percebem os animais, os enormes efeitos colaterais causados aos humores e aos ouvidos sensíveis de nós pobres mortais. Esquecem esses músicos de araque que a bateria é um instrumento de percussão cadencial e que o contrabaixo, embora sendo um instrumento sonoro, é o contra ponto musical.

A hora mais crucial é quando esses macacos começam a emitir seus grunhidos vocais a pretexto de ajustamento instrumental em último volume como: A-a-a-a-a!É-é-é-é-é-é-é-é´!Ó-Ó-Ó-Ó-Ó, som-som-som-som, e não param mais. Essa bateria insolente juntamente com o contrabaixo a arrebentar os ouvidos dos moradores e comerciantes daqui da redondeza em altíssimos decibéis, e estilhaçar as vidraças das portas e janelas da redondeza. Depois que eles resolvem acabar com essa farra da bateria, contrabaixo e do á,á,á,á,á,á, persiste ainda em nós por algumas horas os efeitos em nosso cérebro e ouvidos causando até descontroles emocionais.

Sugerimo-los daqui da boca do inferno, que as autoridades devem repensar um local mais apropriado para o palco do carnaval e dos festivais tanto o gospes como o do inverno. O que não se pode mais admitir é que os direitos deles não tenham limites, e os nossos sejam postergados segundo as suas vontades. Esperamos que o prefeito Canduca e a câmara tenham a sensibilidade necessária para ouvir o clamor dessa população daqui da Dr. Carlos Gomes da Costa, que só pedem cumprimento da lei e o respeito como cidadãos e contribuintes.

(Nerval Pedro e escritor e comentarista)