AÍ, QUE PREGUIÇA!!!

Por: Jeffe Picanço
Eu tinha muita preguiça quando meu pai me mandava cortar o mato, ou dar comida pros bichos que ele tinha. Quem conheceu meu pai sabe que ele gostava de coisas de sítio, hortas, criação de animais. Eu nunca gostei, e ainda tinha uma enorme preguiça de trabalhar com essas coisas.

Não tinha motivação nenhuma pra ser sitiante. Claro, preferia ir jogar bola, andar de bicicleta, ler um livro, coisas que até hoje gosto de fazer.

Como ele me obrigava a fazer estes trabalhos, hoje gosto de coisas de casa, como carpir, cortar grama, podar árvores. Não cuido das plantas aqui de casa como deveria, mas nenhuma delas morreu por falta de cuidado. Pelo menos, elas não têm reclamado comigo, o que já é alguma coisa...Quando estive aí na terrinha, não gostei de ver o estado de algumas ruas. É muito mato. Demais mesmo. Falei sobre isso diversas vezes, tanto aqui no Bacucu como no meu blog, e mesmo no blog do Eduardo.

Entretanto, vi esses dias que foi lançado um mutirão de limpeza do mato nas ruas e praças de Antonina. Excelente idéia. Parabéns aos organizadores, a Prefeitura, a todos os que estão realizando este trabalho. Com ações como estas, a cidade ganha duas vezes: além de ficar mais bonita, a cidade ganha fiscais extras, pois quem participou do mutirão não vai assistir calmamente a destruição do seu trabalho. Mais gente vai cuidar do patrimônio público. Isso gera orgulho, cidadania, participação.

Estamos num contexto de crise, onde as renúncias fiscais do governo federal e a própria diminuição da atividade econômica afetam negativamente as receitas da prefeitura. É nessa hora que a prefeitura pode e deve pedir ajuda aos cidadãos na conservação e limpeza da cidade. Por que cada um não limpa o mato em frente a sua própria casa? Por que vizinhos não podem se juntar e limpar terrenos baldios? A prefeitura pode entrar com a coordenação dos trabalhos, com os funcionários municipais, com máquinas, com equipamento.

Também vi aqui ao longo da semana comentários que nós, bagrinhos, somos preguiçosos, que não gostamos de trabalhar, que fazemos corpo mole. É verdade e não é. Nós somos preguiçosos, como eu era preguiçoso na infância pra cortar o mato de casa.Quando estávamos acampando, no Escoteiro, lembro que todos faziam todas estas tarefas e muito mais, porque havia a novidade e a motivação para fazê-las. Estávamos cortando lenha pra fogueira, estávamos capinando pra montar as barracas, enfim, estávamos trabalhando e nos sentindo úteis ao grupo. Essa pode ser uma diferença importante.

Durante o carnaval, é fato o trabalho duro das escolas pra sair da avenida, pra montagem de fantasias e carros alegóricos. Trabalho alegre, cooperativo e voluntario.Antonina tem uma vocação de voluntariado como poucas comunidades que conheço. Por que não aproveitá-la? Podemos mais facilmente que outras comunidades, resolver problemas simples, como limpar a cidade, arrumar ruas e praças, prestar serviços comunitários dos mais diversos tipos.

O cidadão que pintou a faixa de pedestre na rua é um exemplo. É antes de tudo um aliado do progresso, alguém que pode e quer trabalhar por si e por sua comunidade. Que quer participar. Porque não aproveitar? Porque, em vez de brincar de ser do contra ou brincar de ser a favor, não fazemos uma corrente em que todos vão na mesma direção?Sempre que há vontade, liderança, motivação, nosso povo trabalha, e trabalha duro. O que é melhor, trabalha rindo.